Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2024
As despesas com saúde no Brasil aumentaram entre 2010 e 2021, com as famílias gastando mais com remédios e exames nos últimos dois anos. Os gastos delas foram, inclusive, superiores ao do próprio governo, cujas despesas se mantiveram relativamente estáveis no mesmo período.
O maior dispêndio fez a participação do setor de saúde saltar de 8% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2010, para 9,7% do indicador, em 2021. É o que apontam os dados da Conta-Satélite de Saúde do IBGE, pesquisa que mede despesas do país com o setor, cujos dados foram divulgados na sexta-feira (5).
As despesas com saúde somaram R$ 872,7 bilhões em 2021. No ano anterior, foram R$ 769,0 bilhões. O envelhecimento da população brasileira e o avanço das tecnologias são fatores que têm levado a uma tendência de gasto crescente no setor da saúde, explica Tassia Holguin, analista do IBGE.
“Antigamente, íamos ao médico e era feita uma análise clínica com poucos exames. Hoje, com novas tecnologias, a tendência é fazermos mais exames. Quando as pessoas estão internadas também. O nível de complexidade aumenta, assim como o gasto com medicamentos. A saúde tem uma tendência de participação crescente na economia, diferente de outros setores que podem sofrer redução.”
A oferta do setor público e do setor privado terá que se adequar a essa maior demanda, destaca a analista.
A pesquisa também revela o peso do setor da saúde sobre os postos de trabalho no país. As atividades relacionadas à saúde representavam 5,3% das ocupações em 2010 (ou 5,2 milhões) e passaram para 8% em 2021 (equivalente a 8,4 milhões de postos). Já as remunerações do setor totalizaram R$ 372,3 bilhões e correspondiam a 10,5% do total da economia em 2021.
O levantamento engloba o que é consumido pelas famílias e pelo governo no âmbito do consumo de produtos e serviços no setor.
No caso das famílias, há gastos com planos de saúde, compra de medicamentos, consultas particulares, realização de exames e internações. Já as despesas do governo incluem os serviços de hospitais e unidades públicas de saúde, além de serviços adquiridos do setor privado.
A pesquisa revela que a fatia de gastos das famílias ganhou mais participação ao longo dos anos. As famílias tiveram gastos com bens e serviços de saúde equivalentes a 5,7% do PIB em 2021. Em 2010, esse percentual era de 4,4%.
Os gastos das famílias com serviços privados de saúde perderam espaço para o gasto com medicamentos, que aumentou nos últimos anos. Segundo o IBGE, a despesa com serviços privados – incluindo plano de saúde – respondeu por 63,7% do total dos gastos de consumo final com saúde das famílias em 2021. Em 2020 e 2019, esses percentuais foram de 64,9% e 67,5, respectivamente.
Já o gasto com remédios pelas famílias representou 32,5% do total das despesas em 2020 e subiu para 33,7% em 2021.
Depois de uma retração de 4,4% em 2020, o consumo de bens e serviços de saúde tiveram expansão de 10,3% em 2021. Uma recuperação mais forte do que o consumo de outros produtos ‘não saúde’, que também recuaram 4,4% no primeiro ano da pandemia e tiveram alta de 2,3% no ano seguinte. As informações são do jornal O Globo.