Quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2020
Ligia Cossina em foto feita no Costa Vitoria antes do início da quarentena a bordo.
Foto: Ligia Cossina/Arquivo pessoalUm casal de brasileiros que está confinado em um navio de cruzeiros atracado em um porto de Roma, na Itália, está infectado pelo novo coronavírus. Eles receberam o diagnóstico neste domingo (12), após 21 dias de isolamento, e se queixam da demora das autoridades e da empresa operadora do cruzeiro para repatriá-los.
“Nossos apelos para não passar a quarentena na Itália foram ignorados. Fomos contaminados a bordo, em isolamento. Estamos inconsoláveis, incrédulos e traumatizados diante deste pesadelo que não tem fim”, desabafa a arquiteta de tecnologia Ligia Cossina.
A turista de 34 anos, que mora em São Paulo, conta que diversos apelos sobre os riscos de contaminação foram feitos para embaixada brasileira, o Itamaraty e a empresa responsável pelos cruzeiros.
“Tudo que queríamos era somente poder ter retornado com saúde”, completou a turista, que está na companhia do marido, o gerente de projetos Thiego Azevedo Paes, que também está com Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Durante todo esse período de isolamento, no navio Costa Victoria, eles passaram por medições diárias de temperatura e fizeram o teste para a doença na quarta-feira (8) com dupla validação órgãos sanitários italianos. Como não apresentavam nenhum sintoma, ainda tinham a esperança de voltar saudáveis ao Brasil ainda nesse fim de semana.
No entanto, o resultado do exame só saiu no sábado. De acordo com Cossina, dez brasileiros estavam a bordo. Desses, seis brasileiros tiveram resultado negativo e desembarcaram neste domingo e dois resultados ainda não saíram.
“Passageiros de diversas nacionalidades já foram desembarcados com a ajuda de suas embaixadas sem realizar os testes de Covid-19. Nós, brasileiros, estamos abandonados à própria sorte”, afirma.
Nesse momento, segundo ela, restam de 15 a 20 passageiros na embarcação e diversos tripulantes que estão contaminados. “São os mesmos tripulantes que estavam atendendo os passageiros em cabines de isolamento”.
Os passageiros deveriam ter desembarcado no dia 28 de março, mas Ligia afirma que até agora não tem informações sobre o que deve acontecer daqui para frente.
Confinamento desde 23 de março
Ligia Cossina contou que desde o dia 23 de março, um dia antes de chegarem à Itália, eles foram colocados em confinamento em suas cabines. “Desde então não podemos sair para nada, estamos privados até mesmo da luz do dia.”
O planejado é que o cruzeiro terminaria em Veneza em 28 de março, mas ele foi recusado por autoridades locais e tentou atracar na Sicília, onde também não recebeu autorização para ficar. Acabou conseguindo chegar ao porto romano de Civitavecchia.
Ligia conta que, depois de uma semana confinados, os brasileiros entraram em contato com o consulado brasileiro em Roma e ficaram surpresos ao descobrir que a representação diplomática nem sabia que eles estavam ali.
“Achávamos que a companhia responsável pelo cruzeiro estava cuidando de tudo, que as providências para a nossa repatriação já estavam sendo tomadas.”