Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2024
A maioria ou 77% dos brasileiros não têm medo de perder o emprego para robôs, mas para colegas que dominam o avanço das novas tecnologias. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa “Futuro do trabalho 2024 – Onde estamos e para onde vamos”, realizada pela plataforma de inteligência Futuros Possíveis, de estudos sobre o setor, com apoio do Grupo Boticário.
O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, ouviu 2.011 pessoas acima de 16 anos, empregadas ou procurando trabalho, em todo o Brasil, durante o mês de fevereiro.
Segundo Angélica Mari, CEO e cofundadora da Futuros Possíveis, os dados mostram que está em alta a percepção do impacto positivo da tecnologia nos expedientes. “Ouvimos falar com frequência que os trabalhadores precisam ‘usar a tecnologia como aliada’. No entanto, o estudo sugere que isso já é uma realidade”, analisa.
A maioria ou 67% dos entrevistados relatam gastar menos tempo em tarefas por conta do apoio da tecnologia, um avanço em relação à pesquisa realizada em 2023, que marcava esse índice em 52%. “A mudança indica uma maior aceitação e integração de novas ferramentas no ambiente de trabalho, possibilitando mais eficiência e produtividade”, diz Mari.
Além do ganho de tempo, a lista dos impactos positivos com novos sistemas inclui maior produtividade (52%), facilidade na comunicação e no atendimento a clientes (36%).
Novidades
Por outro lado, o estudo sinaliza que a percepção dos profissionais sobre as tecnologias emergentes utilizadas pelas empresas ainda é limitada.
Embora a maioria (61%) dos empregadores tenha negócios orientados à tecnologia em alguma medida, 40% dos funcionários dizem que não sabem se a companhia usa abordagens como big data e 21% desconhecem se há projetos de inteligência artificial (IA) nas operações.
“Os resultados ressaltam como é essencial que as empresas acompanhem de perto o ritmo acelerado da tecnologia e que as equipes compreendam qual a visão corporativa sobre o tema”, explica. De nada adianta adotar as últimas tendências no setor se a corporação não consegue assegurar que os empregados estão prontos para atuar em um cenário em transformação, diz. “Educação e desenvolvimento contínuo são as chaves para garantir que todos tenham as informações necessárias para pensar no futuro, mas que também possam contribuir com a estratégia tecnológica dos empregadores.”
Habilidades múltiplas
A CEO ressalta que, em meio ao debate sobre as competências exigidas dos profissionais nos próximos anos, em pleno uso da IA, o brasileiro não enxerga uma ameaça na tecnologia, mas em pares tecnicamente mais qualificados.
“A maioria [77%] não teme perder seus empregos para robôs, mas para outros profissionais que dominam melhor as tecnologias”, diz. Ao mesmo tempo, quase metade (47%) acha difícil acompanhar as inovações, dificuldade mais evidente entre os pesquisados com mais de 30 anos (40%).
Olhando em frente
Diante dos números do estudo, Mari acredita que existe uma preocupação crescente dos profissionais de se manterem atualizados em um mercado de trabalho cada vez mais inovador.
“Do lado das empresas, é fundamental investir em capacitação e desenvolvimento para garantir a empregabilidade no futuro”, aconselha. “Mas adotar soluções generalistas [de qualificação] será uma estratégia ineficiente.”
Na avaliação da especialista, empregadores e profissionais podem fazer mapeamentos individuais de competências para entender melhor o impacto do avanço das tecnologias em cada função. “A promessa da eficiência possibilitada pela IA vai se concretizar, sobretudo em grandes organizações, e muito rápido”, avisa.
As organizações vão querer currículos que contribuam com conhecimentos técnicos em nichos específicos, dotados de competências socioemocionais sofisticadas para acompanhar essa evolução, avisa. “Nesse processo, tanto profissionais quanto empresas vão precisar se entender melhor, se assumindo como corresponsáveis pela preparação para o futuro do trabalho.”