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Brasileiros reconhecem mudanças climáticas, mas nem todos entendem gravidade

Mortes causadas diretamente e indiretamente pelo calor extremo devem aumentar quase cinco vezes até 2050. (Foto: Reprodução)

Um estudo de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas revelou que – apesar de os brasileiros perceberem e se sentirem responsáveis pelas mudanças climáticas – nem todos entendem gravidade. Segundo a pesquisa, 94% das pessoas acreditam que estamos passando por uma mudança climática e 91% pensam que o fenômeno é causado principalmente pela atividade humana. Em contrapartida, apenas 56% acreditam que isso seja grave.

A pesquisa mostra que – ao contrário dos Estados Unidos e da Europa – em que o posicionamento político e o grau de escolaridade determinam se a pessoa acredita na mudança do clima e na gravidade dela, no Brasil, é o grau de individualismo.

“Cidadãos mais individualistas que acreditam que não tem solução coletiva para os problemas dela , que elas têm de lidar com seus problemas sozinhas, que não acreditam que as instituições políticas por exemplo vão vir trazer uma solução para os problemas. Essas pessoas têm me acreditar menos que a mudança do clima é um problema grave”, destaca o professor titular da Escola de Relações Internacionais da FGV.

O estudo conclui que todos os envolvidos nessa mobilização pró-clima precisam ajustar a forma de transmitir a mensagem para conscientizar essa população.

“É mobilizar fontes de informação e de conhecimento que com as quais essas pessoas se identificam então o papel de empresários o papel de agentes do setor financeiro é o papel de ruralistas daquelas partes do agronegócio brasileiro que acreditam que o clima é um problema que sabem que a mudança do clima pode trazer consequências econômicas negativas para o Brasil que vai ter consequências severas para a vida das pessoas”, afirma Matias Spektor.

Os efeitos

Em relação às mudanças climáticas, é importante lembrar o que vem acontecendo no Brasil nas últimas semanas. As temperaturas em São Paulo chegaram a quase 38°C, por exemplo, entre 12 e 13 de novembro.

No Rio de Janeiro, os termômetros passaram dos quarenta graus e hoje a sensação térmica bateu mais um recorde: 59,9°C. Os dados são do Sistema Alerta Rio, da prefeitura. Foi a maior já registrada, desde que a medição começou em 2014.

E esse calorão aumentou o consumo de energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico intensificou o uso das usinas térmicas, por causa do aumento da demanda.

E em Belo Horizonte a população sofreu com a falta de água, também pelo aumento do consumo. Esses são exemplos do nosso cotidiano, mas que são ampliados globalmente.

Um estudo recente publicado na revista científica Lancet prevê que as mortes causadas diretamente e indiretamente pelo calor extremo devem aumentar quase cinco vezes até 2050.

O calor também deve trazer impactos negativos para a agricultura e provocar a migração de mosquitos, com potencial para ampliar a transmissão de doenças.

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