Ninguém faz uma tatuagem já pensando em se submeter a um monte de sessões doloridas de laser e gastar um bom dinheiro para retirá-la.
Mas arrepender-se é comum: até 50% dos tatuados gostariam de voltar atrás, segundo estudo da revista médica inglesa Lancet. Felizmente, a remoção melhorou muito nas últimas décadas. Lasers ultrarrápidos apagam melhor e com menos sessões as tatuagens, especialmente as coloridas, que dão mais trabalho.
O processo, porém, está longe de ser fácil. Costuma doer, custa caro – pode chegar a até 3 mil reais –, há risco de cicatrizes e não é possível afirmar que a retirada será completa, ressalta Valeria Campos, assessora do departamento de laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“As tatuagens amadoras, como aquelas feitas em presídios ou mesmo na praia, saem mais facilmente porque são superficiais. Já as profissionais nem sempre podem ser removidas totalmente. Mesmo com lasers mais modernos não podemos garantir 100%”, explica.
Como se casos notórios de celebridades que tatuam e depois removem os nomes dos amados não servissem de exemplo, apagar esse tipo de lembrança é o pedido campeão nos consultórios, segundo Campos. “Mas, cada vez mais, os nomes mais tatuados têm sido os dos filhos.”
Gabriel Gontijo, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que a maioria dos pedidos de remoção de tatuagem acontece depois dos 40 anos, quando as pessoas deixam de se identificar com o desenho. “A caveira fica meio murcha, a orquídea já não tem a mesma cor.”
Mas, se fazer uma tatuagem envolve riscos (como infecções, contaminações por meio da tinta e alergias), a remoção não está isenta deles. De acordo com o estudo, sabe-se pouco sobre o “destino” fisiológico ou toxicológico dos pigmentos da tatuagem depois do uso do laser.
“Quando você mexe na tatuagem, pode expor mais o organismo à tinta e acabar gerando uma alergia”, diz Valeria. Nesse caso, o recomendável é continuar a retirada até o fim e usar medicamentos contra a reação.
Escuro.
O interessado em remover uma tatuagem também precisa estar ciente que o desenho pode ficar escuro antes de ser retirado, nas primeiras sessões. E que pode doer bastante, a ponto de precisar até de anestesia injetável, segundo os especialistas.