O prazer sexual da mulher foi tão desprezado em todas as épocas que a masturbação feminina era ignorada. Publicações impressas com fotos de nus sempre foram pensadas para homens se excitarem. As mulheres servem apenas de objeto dessa prática, mas isso, como tudo o mais, também está mudando.
Matéria recente da BBC fala sobre o “klittra”, fusão das palavras clitóris e glitter. O termo foi escolhido entre 200 sugestões recebidas pela Associação Sueca para a Educação Sexual que, em junho, lançou uma campanha para inventar um novo nome para a autoestimulação genital feminina.
As pesquisas citam um número bem maior de homens que se masturbam do que de mulheres. É compreensível. Historicamente a prática sofreu repressão para os homens, mas não foi sequer pensado como as mulheres agiam. “Quando o assunto é sexualidade, é sempre difícil calibrar as estatísticas, dados ou publicações que falam sobre comportamentos, modos ou usos”, disse a sexóloga Loren Berdún.
“A sexualidade é uma coisa tão íntima que não somos 100% honestos ao falar sobre o que gostamos ou não, o que fazemos ou não”, explicou.
Para os especialistas, no entanto, a abordagem do assunto vem mudando ao longo do tempo e tende a deixar de ser tabu, especialmente com o empoderamento da mulher.
Brinquedos eróticos.
Os brinquedos eróticos estão aí para comprovar que as mulheres não ignoram o prazer quando estão sozinhas.
Aliás nunca ignoraram. Há 2.500 anos, as esposas gregas, cujos maridos as dividiam com prostitutas (hetairas) e rapazes, preenchiam as suas necessidades sexuais usando os dildos. Eles eram feitos tanto de madeira como de couro acolchoado, tendo que ser untado com óleo de oliva, antes do uso.
Por conta dos preconceitos ainda encontramos muitas pessoas culpadas e amedrontadas com seus próprios desejos e com a forma de realizá-los. Não são poucas as jovens que, aflitas, perguntam se a masturbação faz mal. A questão é que a culpa impede que se desfrute ao máximo, evitando que a masturbação se torne a experiência libertadora e satisfatória que pode ser.
Hoje, sabemos que a masturbação na infância é importante, já que equivale à autoexploração do corpo. Na adolescência, ela é vista pelos especialistas como uma prática fundamental para a satisfação sexual na vida adulta, por permitir um autoconhecimento do corpo, do prazer e das emoções. E no tratamento das disfunções orgásticas, a masturbação é o elemento principal para capacitar a mulher a ter o primeiro orgasmo. (Regina Navarro Lins/AD)