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Tecnologia Fabricante da enciclopédia “Britannica” não apenas sobreviveu: agora, é uma empresa de inteligência artificial

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O fabricante da Enciclopédia transformou-se num gigante da aprendizagem digital que está a ponderar abrir o capital. (Foto: Angel Franco/The New York Times)

Por quase 250 anos, a Encyclopaedia Britannica foi uma série volumosa de tomos com letras douradas, muitas vezes comprada para mostrar que seus proprietários valorizavam o conhecimento. Era o tipo de mídia física que se esperava desaparecer na era da internet – de fato, seu editor anunciou o fim da versão impressa em 2012.

Os céticos questionaram como a empresa Britannica poderia sobreviver na era da Wikipedia. A resposta foi se adaptar aos tempos.

O Britannica Group, como a empresa é conhecida atualmente, administra sites, incluindo o Britannica.com e o dicionário on-line Merriam-Webster, além de vender softwares educacionais para escolas e bibliotecas. Também comercializa softwares de agentes de inteligência artificial que sustentam aplicações como chatbots de atendimento ao cliente e recuperação de dados.

A Britannica descobriu não apenas como sobreviver, mas também como prosperar financeiramente. Jorge Cauz, seu CEO, afirmou em uma entrevista que a editora obteve margens de lucro recorrentes de cerca de 45%.

E mais: a empresa está considerando uma oferta pública inicial (IPO), na qual poderia buscar uma avaliação de cerca de US$ 1 bilhão, de acordo com uma pessoa com conhecimento das deliberações, mas que não estava autorizada a falar publicamente.

Isso poderia gerar um retorno considerável para o proprietário da empresa, o financista suíço Jacob E. Safra, que adquiriu a editora em 1995 e, em um processo judicial movido em 2022, citou um banco de investimentos avaliando a Britannica em US$ 500 milhões.

A empresa afirma que seus sites atraem mais de sete bilhões de visualizações de página por ano, com usuários em mais de 150 países.

Peso-pesado 

A Britannica percorreu um longo caminho desde suas origens no século XVIII como editora de uma obra de referência criada por três impressores escoceses. Ao longo dos anos, a Encyclopaedia Britannica tornou-se um peso-pesado do conhecimento, tanto literalmente — a edição de 32 volumes de 2010, a última impressa, pesava 58,5 quilos — quanto figurativamente, contando com contribuições de milhares de especialistas.

Também se tornou um símbolo de status, com clientes pagando quase US$ 1.400 por essa edição.

A Wikipedia, com seu conteúdo gratuito e dezenas de milhares de editores ativos, abalou esse antigo modelo de negócios, especialmente após um estudo em 2005 — contestado pela Britannica — concluir que as duas enciclopédias tinham níveis de precisão semelhantes.

Ao abandonar o produto que definiu a empresa por mais de dois séculos, os executivos disseram que poderiam alocar mais recursos em produtos voltados para a era digital.

Quando a última Encyclopaedia Britannica foi impressa, a empresa já havia iniciado sua suíte de sites e softwares educacionais. Agora, ela enxerga uma oportunidade ainda maior no crescimento das ferramentas de inteligência artificial generativa, que, segundo a empresa, podem tornar o aprendizado mais dinâmico — e, portanto, mais atraente.

Investimento

Cauz disse que a Britannica experimentou a tecnologia nas últimas décadas. A empresa adquiriu a Melingo, responsável por seu software de IA, em 2000, devido à sua força em processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina. E conta com duas equipes de tecnologia, uma baseada em Chicago e outra em Tel Aviv, Israel.

A vertiginosa popularidade de chatbots como o ChatGPT convenceu os executivos de que era necessário investir mais nesse espaço. Atualmente, a Britannica utiliza IA para criar, verificar e traduzir conteúdo para seus produtos, incluindo a enciclopédia on-line da Britannica.

Também criou um chatbot da Britannica que utiliza o vasto acervo de informações de sua enciclopédia on-line, que, segundo Cauz, é mais propenso a ser preciso do que chatbots mais generalistas, que podem ser suscetíveis a “alucinações”, termo oficial para inventar informações. Dito isso, o site da Britannica adverte os usuários para “verificar todas as informações importantes”.

A empresa tem mais projetos impulsionados por IA generativa em desenvolvimento: um software de tutoria em inglês que usará a tecnologia para alimentar avatares e personalizar aulas para cada aluno, um programa para ajudar professores a criar planos de aula e um dicionário renovado para o site do Merriam-Webster, capaz de lidar com frases, não apenas palavras.

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