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Armando Burd Busca de soluções necessita de envolvimento maior

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Albert Sabin, criador da vacina contra poliomielite, não suportou a burocracia brasileira. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A situação inédita vivida no Rio Grande do Sul exige a formação de um gabinete de crise, com sede no Palácio Piratini, tendo a participação de representantes de amplos setores da sociedade. Na mesa do diálogo, muitos dados, mapas e projeções. É o que está faltando. O mesmo vale para o governo federal.

Chega de sufoco

A era do individualismo e das soluções solitárias, numa espécie de “quem manda aqui sou eu”, vai levar a uma situação pior do que já vivem municípios, estados e o país.

Quanto mais opiniões, melhor

Gabinete de crise significa a busca do bom senso, conceito ligado às noções de experiência e razoabilidade. Só dessa forma é possível adequar regras e costumes à realidade, pesando consequências.

Não se trata de chegar a conclusões unânimes, mas de pôr na balança todos os ingredientes para que seja indicado o melhor caminho.

Correu na frente

O exemplo foi dado esta semana pelo governo de Minas Gerais: criou um comitê de emergência para enfrentar a crise em conjunto com a sociedade e adotar medidas que minimizem os impactos causados pelo novo coronavírus. A iniciativa foi tomada após a leitura de estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que mostra pesados prejuízos na Economia.

Dilema vai persistir

A paralisação de todas as atividades é uma decisão que busca preservar vidas, em função da violência e da rapidez de propagação da pandemia. Não há produção nem salários. A única certeza, no campo econômico, é o desemprego. Cairá a arrecadação de impostos, prejudicando mais ainda a prestação dos serviços públicos.

O que interessa agora

A guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro e a maioria dos governadores é completamente fora de hora. Significa deixar o interesse público em segundo plano para afirmar apenas convicções pessoais. O cenário lembra a luta entre o mar e rochedo em que só há um perdedor: o marisco. Nesse caso, o povo.

Acertou no alvo

Declaração do senador Fernando Henrique Cardoso em 1990, que se encaixa nos dias de hoje: “O Brasil é o país que substitui o inevitável pelo inesperado.”

Espiral

O ministro da Economia, Paulo Guedes, no começo da pandemia, projetou o desembolso de 80 bilhões de reais para socorrer os atingidos. Ontem, revisou: passará de 700 bilhões.

Fabricantes de barreiras

Em 1980, o professor e cientista Albert Sabin enviou carta ao presidente João Figueiredo, comunicando que deixava a assessoria prestada ao governo no combate à poliomielite. O criador da vacina contra a moléstia justificou: 1º) os levantamentos do Ministério da Saúde não eram confiáveis. Havia muito mais crianças infectadas do que os dados divulgados; 2º) as recomendações que dava se perdiam nos descaminhos burocráticos.

Teia do anacronismo

Mesmo elogiando o trabalho de homens e mulheres competentes e devotados, defrontar-se com funcionários que diziam não a qualquer pedido, sem justificar, era humilhante para Sabin. Passados 40 anos, em muitos escalões o vírus da burocracia segue se espalhando.

Descarte oportuno

A Receita Federal tomou a iniciativa elogiável de revogar 126 instruções normativas, publicadas entre 1969 e 2016, que não produziam mais efeitos legais. A lista saiu no Diário Oficial da União, quinta-feira.

Se outras áreas do setor público seguirem o mesmo caminho, o país romperá com os grilhões burocráticos que custam caro e resolvem pouco.

Deve ampliar

Interessados em trocar de partido pedem à Justiça Eleitoral que prorrogue o prazo de 3 de abril para janela partidária. Alegam que a quarentena atrapalhou os planos para consultas. Têm razão.

Materiais incompatíveis

As utopias gravadas por candidatos no mármore não combinam com o concreto do poder.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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