Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2023
A empresa irlandesa EllaLink é a responsável pelo cabo submarino do mesmo nome que cruza o Oceano Atlântico e liga o Brasil e a Europa.
Foto: ElaLink/DivulgaçãoA guerra declarada da Rússia contra a Ucrânia – e o conflito velado com o Ocidente – pode ganhar novos contornos com ações em um novo flanco: o da infraestruturas mundial de comunicação. Os serviços de inteligência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm detectado potenciais ataques russos contra cabos submarinos de internet.
Segundo David Cattler, secretário-geral assistente da Otan para inteligência e segurança, existe um risco “persistente e significativo” de ataques da Rússia contra esse tipo de infraestrutura.
De acordo com o site TeleGeography.com, no início deste ano o mundo contava com 552 cabos submarinos em atividade, sempre em constante crescimento, superando 1,2 milhão de quilômetros no total. Um dos menores do mundo é o CeltixConnect, de apenas 131 quilômetros, ligando o Reino Unido à Irlanda. Os maiores têm mais de 20 mil quilômetros de extensão.
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, também advertiu para os riscos de a Rússia atacar esses cabos. “Não há dúvidas de que a Rússia tem a intenção e a capacidade de atingir as linhas subaquáticas”, afirmou em entrevista ao site PA Media. “O que sabemos é que os russos têm um programa naval específico projetado para examinar e potencialmente sabotar ou atacar a infraestrutura nacional crítica pertencente a seus adversários.”
Ele cita o ataque contra o gasoduto Nord Stream, como um exemplo do que é possível fazer a uma infraestrutura sob os mares.
Atualmente, mais de 95% do tráfego internacional da Internet é transmitido por esses cabos. Por seu domínio na transmissão de informações da internet, é visto como um “pivô econômico”. Ainda segundo a Otan, são responsáveis por transportar US$ 10 trilhões de dólares em transações financeiras diariamente.
A grande preocupação do Ocidente é está no fato de eles terem detectado “ações de monitoramento” desse sistema por parte da Rússia. Acredita-se que o objetivo é encontrar pontos fracos e críticos que possam ser mais facilmente atacados ou que gerem maior dano aos países da América do Norte e da Europa Ocidental.
Ao contrário dos cabos utilizados no passado para o telégrafo, os cabos submarinos modernos são projetados para suportar larguras de banda muito maiores e velocidades de transmissão mais rápidas. Eles também estão mais preparados para incidentes como queda de âncoras ou mesmo ataques de tubarão que, ao contrário do que parecem, são frequentes.