Conhecido como “plano de resgate americano”, o projeto para injetar US$ 1,9 trilhão na economia, aprovado nesta quarta-feira (10) pelo Congresso americano, é o terceiro lançado pelos Estados Unidos para combater as consequências econômicas da pandemia.
Uma das principais medidas do plano é o pagamento, até setembro, de um cheque de US$ 1,4 mil (R$ 8,1 mil) a todos americanos que recebem anualmente até US$ 75 mil (R$ 435 mil).
Os pagamentos diminuem progressivamente antes de desaparecerem para os indivíduos cuja renda chegar a pelo menos US$ 80 mil e US$ 160 mil para os casais casados.
Esta parcela do auxílio totaliza cerca de US$ 400 bilhões para milhões de americanos.
Esses cheques completam outros de US$ 600 enviados no último plano de US$ 900 bilhões adotado em dezembro, que veio depois do plano de US$ 2,2 trilhões de meados do ano passado.
O projeto de lei adotado pelo Senado prorroga até 6 de setembro o pagamento de seguro-desemprego adicional de US$ 300 por semana, que expirava em 14 de março.
O governo também fornecerá créditos sobre impostos para o cuidado de crianças no valor de US$ 3.600 para menores de até 5 anos e US$ 3 mil entre 6 e 17 anos.
Os créditos sobre impostos estarão disponíveis para todos os beneficiários com crianças, independentemente de sua renda.
As escolas receberão cerca de US$ 126 bilhões e US$ 39 bilhões serão destinados às creches.
Muitas escolas ficaram fechadas por um ano por não poderem implementar protocolos sanitários (ventilação, por exemplo).
O plano inclui US$ 40 bilhões para as universidades.
Temporário à permanente
Todas as medidas do plano são temporárias. No caso da expansão do crédito estudantil, válida por um ano: de julho a dezembro serão feitos os pagamentos, para quem optar por tal formato, e de janeiro a junho de 2022 o benefício virá através do crédito fiscal. Já os subsídios médicos valerão por dois anos.
Biden e as lideranças democratas já planejam tornar alguma dessas ações permanentes, como ferramentas de redução da pobreza e da desigualdade. E terão nas eleições legislativas do ano que vem um momento decisivo para tal, com renovação total da Câmara e de um terço do Senado.
O discurso governista usará o argumento de que o pacote emergencial evidenciou que é necessária uma política de longo prazo, com maior envolvimento do setor público e, por consequência, mais gastos. Já os republicanos também mencionam os valores bilionários para manter as políticas, mas de forma pouco elogiosa.
“O Senado jamais gastou US$ 2 trilhões de uma forma tão aleatória ou pouco rigorosa antes”, afirmou o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell.
Já o líder da minoria republicana na Câmara, Kevin McCarthy, disse que o plano é “uma lista de prioridades da esquerda que nada têm a ver com a pandemia”.
Alguns economistas apontam para o risco do estímulo criar uma pressão inflacionária. Um deles é Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro de Bill Clinton e ex-conselheiro econômico de Barack Obama: em editorial no Washington Post, afirmou que podem ser criadas pressões “de um tipo que não vimos em uma geração, com consequências para o valor do dólar e a estabilidade financeira” dos EUA.