Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2024
Os níveis de cafeína no sangue podem afetar a quantidade de gordura corporal, o que por sua vez, impacta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Estas são as conclusões de um estudo publicado na revista científica BMJ Medicine.
De acordo com os autores, do Instituto Karolinska, na Suécia, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e do Imperial College London, no Reino Unido, bebidas com cafeína sem calorias – como um café sem açúcar – poderiam ser exploradas como um meio potencial de ajudar a reduzir os níveis de gordura corporal.
“Concentrações plasmáticas de cafeína mais elevadas, geneticamente previstas, foram associadas a um IMC (índice de massa corporal) mais baixo e a uma massa gorda corporal total”, escreveram os investigadores no seu artigo. “Além disso, concentrações plasmáticas de cafeína mais elevadas, geneticamente previstas, foram associadas a um menor risco de diabetes tipo 2. Estima-se que aproximadamente metade do efeito da cafeína no risco de diabetes tipo 2 seja mediado pela redução do IMC”.
Os pesquisadores analisaram dados de envolveu dados de cerca de 10 mil pessoas coletados de bancos de dados genéticos existentes, concentrando-se em variações em genes específicos ou próximos a eles, conhecidos por estarem associados à velocidade com que a cafeína é decomposta.
Em geral, aqueles com variações que afetam os genes – nomeadamente o CYP1A2 e um gene que o regula, chamado AHR – tendem a decompor a cafeína mais lentamente, permitindo-lhe permanecer no sangue por mais tempo. No entanto, eles também tendem a beber menos cafeína em geral.
Uma abordagem chamada randomização mendeliana foi usada para determinar prováveis relações causais entre a presença de variações, doenças como diabetes, massa corporal e fatores de estilo de vida.
Embora houvesse uma ligação significativa entre os níveis de cafeína, o IMC e o risco de diabetes tipo 2, não surgiu nenhuma relação entre a quantidade de cafeína no sangue e as doenças cardiovasculares, incluindo fibrilação atrial, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral.
Estudos anteriores associaram um aumento moderado e relativo no consumo de cafeína a uma melhor saúde cardíaca e a um IMC mais baixo, e a nova investigação acrescenta mais detalhes a isso. No entanto, é importante ressalta que os efeitos da cafeína no organismo não são totalmente positivos.
“Ensaios pequenos e de curto prazo demonstraram que a ingestão de cafeína resulta na redução do peso e da massa gorda, mas os efeitos a longo prazo da ingestão de cafeína são desconhecidos”, explicaram os investigadores.
Estudos mostram que em excesso a cafeína pode causar batimentos cardíacos acelerados, nervosismo, ansiedade, náuseas ou problemas para dormir, bem como dores de cabeça, refluxo ácido e, em doses suficientemente altas, até tremores ou vômitos. A dose segura para a maioria dos adultos é definida como 400 mg de cafeína por dia. Isso equivale a quatro xícaras de café coado ou seis doses de café expresso.
Os pesquisadores não analisaram os mecanismos pelos quais a cafeína tem esse efeito protetor, mas eles acreditam que isso esteja relacionado à forma como a cafeína aumenta a termogênese (produção de calor) e a oxidação da gordura (transformando gordura em energia) no corpo, ambas desempenhando um papel importante no metabolismo geral.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar causa e efeito.
“Considerando a extensa ingestão de cafeína em todo o mundo, mesmo os seus pequenos efeitos metabólicos podem ter importantes implicações para a saúde”, concluem os investigadores.