Segunda-feira, 07 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2025
A Caixa Econômica Federal está buscando alternativas para complementar o orçamento da recém-criada faixa 4 do Minha Casa Minha Vida (MCMV), uma das apostas do governo para turbinar o mercado imobiliário e fazer um afago à classe média.
O banco estatal planeja adicionar mais R$ 15 bilhões ao segmento. Se confirmado, isso elevará o orçamento total da faixa 4 para R$ 30 bilhões, uma vez que já estão garantidos outros R$ 15 bilhões originados no fundo social com dinheiro da exploração do pré-sal.
Duas fontes disseram ao portal Estadão que o reforço no orçamento é uma possibilidade que ainda “está na prancheta, sem nada definido”. Para que a medida se concretize, o principal desafio para a Caixa é encontrar uma fonte de recurso cujo custo de captação seja compatível com a taxa de juros que será praticada na faixa 4 do MCMV, estimada em 10,5% ao ano. Com a Selic em 14,25% ao ano, esse não é um desafio fácil de contornar.
Sem malabarismo
“Os recursos viriam dos produtos de funding que a Caixa já usa hoje em dia. Não vai ter nada de malabarismo”, ponderou uma fonte. Uma segunda fonte disse que poderia ser feito um mix de recursos de diferentes origens que, combinados com o dinheiro do fundo social, permitiram a oferta de financiamento a 10,5%. “A ideia é ter um blend de funding mais barato com o funding da Caixa”, citou. Não se descarta ainda recorrer ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que já atende as demais faixas do programa habitacional.
Em nota, a Caixa descreveu que “não confirma projeções relacionadas a fontes de recursos adicionais e ressalta que aguarda regulamentação do Ministério das Cidades sobre a nova faixa de renda do Minha Casa Minha Vida e a disponibilização de recursos advindos do fundo social”. Apesar da manifestação, o jornal Estadão reafirma que o orçamento adicional de R$ 15 bilhões está sendo tratado dentro do banco, de acordo com as duas fontes diretamente envolvidas nas conversas.
Na semana passada, o presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou o decreto que cria a faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida. O programa foi ampliado para atender famílias da classe média que ganham entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. A nova linha terá financiamentos de até 420 meses, com taxa de juros de 10,50% a.a., para aquisição de imóveis de até R$ 500 mil. Hoje o limite no programa é de R$ 350 mil.
Fontes estimam que a faixa 4 estará pronta para rodar em cerca de 45 a 90 dias. A iniciativa busca suprir a carência de financiamento para a população de classe média que, historicamente, é atendida por linhas de crédito cujos recursos saem das cadernetas de poupança. No entanto, as taxas de crédito vêm subindo nos últimos meses, ficando e torno de 12% ao ano, algo que dificulta o fechamento de negócios.
Considerando o valor médio de R$ 450 mil por moradia financiada na faixa 4, um aporte de R$ 15 bilhões seria suficientes para a contratação de cerca de 33 mil imóveis por ano, o equivalente a 5% do total de contratações anuais do MCMV, que é de aproximadamente 600 mil unidades. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)