A sessão que recebeu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques da CPI dos Atos Extremistas foi interrompida após um bate-boca entre a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) e parlamentares presentes. A senadora questionava o depoente por um processo administrativo interno da corporação quando parlamentares da oposição começaram a interromper.
“Estou lhe perguntando sobre ação de um fato específico em Goiás, que correu na Justiça Federal, onde o caso era agressão a um frentista que se recusou a lavar uma viatura do frentista. Isso ocorreu ou não, Seu Silvinei?”, questionou inicialmente a relatora.
Silvinei negou ter sido condenado:
“Não tenho condenação penal nesse caso. O cidadão entrou contra a União por R$ 20 mil e ganhou. Eu não fui sequer chamado para depor”, disse o ex-diretor da PRF que foi interrompido por Eliziane. “Estou fazendo uma pergunta pontual”, afirmou a relatora.
O deputado bolsonarista Delegado Éder Mauro (PL-PA), que não faz parte da comissão, interrompeu o questionamento e começou a gritar: “Ele já respondeu”. Eliziane continuou a insistir na pergunta:
“Estou pedindo que o depoente responda, que ele não enrole. Não vou aceitar que parlamentar nenhum tente cercear a minha voz. Deputado, vossa excelência, nem faz parte da comissão. Vai gritar em outro lugar. Respeite esta comissão, cale a sua boca. Não vou me submeter a esse tipo de agressão”, disse Eliziane Gama.
“Cale a boca não”, seguiu Éder Mauro aos gritos.
Em seguida, o presidente da sessão Arthur Maia (União-BA) suspendeu a sessão sob o argumento de que não quer que o colegiado “vire balbúrdia”.
Após cinco minutos, Arthur Maia retomou os trabalhos e esclareceu que o depoente pode não responder os questionamentos e pediu ordem aos parlamentares.
“Nós não queremos pedir a nenhum parlamentar que se retire.”
Depoimento
Em seu depoimento, Vasques afirmou que, se errou, vai “pagar”, mas que tem a consciência “tranquila” sobre seu período à frente da PRF.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele é suspeito de ter usado a estrutura da instituição para prejudicar a ida de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação do segundo turno das eleições de 2022.
“Se eu errei, eu vou pagar. Eu tenho certeza, tenho consciência tranquila. Não fiz nada errado. Por isso respondi tudo e volto quantas vezes for preciso. Estou aqui à disposição para fazer acareação com quem for necessário”, afirmou.
Levantamento divulgado pelo Ministério da Justiça sobre as ações da PRF na data mostra, segundo o ministro Flávio Dino, uma “atipicidade” na fiscalização de ônibus.
O Nordeste concentrou, de acordo com o relatório enviado pela pasta à Controladoria-Geral da União (CGU), as fiscalizações da PRF no segundo turno. Na região, Lula apresentava maior intenção de votos em relação a Bolsonaro.
Entre os dias 28 e 30 de outubro, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste. O número é 282% maior do que o registrado, no mesmo período, na região com o maior número de eleitores, Sudeste, que teve 571 veículos fiscalizados.