Ícone do site Jornal O Sul

Câmara dos Deputados precisa votar projeto do ensino médio antes do recesso de julho para que possa entrar em vigor no ano que vem

Em vez de contribuir para sanar as divergências, o projeto do Senado suscitou mais controvérsia e atrasou a implementação. (Foto: EBC)

Cabe à Câmara votar com celeridade o projeto de lei sobre o novo ensino médio, alterado no Senado. É fundamental que o texto esteja aprovado antes do recesso parlamentar, na segunda quinzena de julho. Só assim haverá tempo para as secretarias de Educação começarem a implementar as mudanças a partir do ano que vem. Do contrário, as novas normas só poderão entrar em vigor em 2026, quase dez anos depois de aprovado o projeto original, em 2017.

O novo ensino médio tem muitos méritos. Além de ampliar a carga horária de formação básica, adota uma parte flexível no currículo, tornando-o mais próximo dos jovens. Hoje os currículos são desconectados da realidade. Despertam pouco interesse nos alunos e não têm sintonia com as demandas do mercado de trabalho. A proposta também estimula e valoriza o ensino profissionalizante.

É urgente promover a reforma para preparar melhor os alunos às demandas da sociedade e do mercado contemporâneos. Apesar disso, pressionado por entidades de classe e partidos de esquerda, o ministro da Educação, Camilo Santana, suspendeu em abril do ano passado a implementação, sob o argumento de que o projeto precisava de ajustes. É verdade que havia problemas na proposta original. Mas a demora se tornou injustificável.

Um dos principais problemas era a carga horária deficiente para a formação geral básica (1.800 horas), com tempo excessivo para a parte flexível do currículo (1.200 horas). Na versão aprovada na Câmara, as disciplinas tradicionais passaram a ter 2.400 horas, do total de 3 mil. Como isso comprimiu o tempo do currículo flexível, a relatora no Senado, Professora Dorinha Seabra (União-TO), decidiu aumentar a carga horária dos cursos técnicos, a partir de 2029, para até 3.600 horas.

Difícil execução

A ideia é torpedeada por profissionais e pesquisadores, pois de difícil execução. Outro ponto criticado é a obrigatoriedade do ensino de espanhol, em detrimento do inglês – a língua franca do planeta deixaria de ser obrigatória. Secretários de Educação alegam que as escolas não têm condições de cumprir a exigência. Por fim, o texto impõe que o Enem exija apenas a formação básica.

Em vez de contribuir para sanar as divergências, o projeto do Senado suscitou mais controvérsia e atrasou a implementação. O ideal é que sejam retomadas as linhas gerais propostas pelo relator na Câmara, Mendonça Filho (União-PE). O texto que seguiu de lá para o Senado era fruto de um consenso costurado entre governistas, oposição, secretários de Educação e o MEC. “É um texto sólido, que atende aos secretários que implementarão as mudanças e aos pesquisadores que estudam o assunto”, diz Priscila Cruz, presidente da ONG Todos Pela Educação. “É preciso aprová-lo logo, para que as escolas tenham tempo de se preparar.”

Não há dúvida de que debate é importante, mas já se debateu demais. O projeto vai para a quinta modificação. Passou da hora de chegar a um consenso. Quanto antes a reforma for implementada, melhor para os alunos, para as empresas e para o país. As informações são do jornal O Globo.

Sair da versão mobile