A Câmara dos Deputados marcou uma sessão solene para esta sexta-feira (22) em homenagem ao apoiador bolsonarista Cleriston Pereira da Cunha, o “Clezão”, que foi preso nos distúrbios golpistas de 8 de janeiro de 2023 e morreu na Penitenciária da Papuda, em Brasília. A cerimônia está marcada para às 9h, no plenário.
A homenagem foi proposta pela deputada Bia Kicis (PL-DF) e pelos deputados Altineu Côrtes (PL-RJ), Raimundo Santos (PSD-PA) e José Medeiros (PL-MT). Apesar de o requerimento ter sido apresentado antes, a iniciativa acontece um dia depois de a Polícia Federal ter indiciado o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 37 aliados no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado.
Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, morreu após um mal súbito em novembro de 2023 durante um banho de sol na Papuda. Sua prisão preventiva aconteceu no âmbito das investigações do 8 de Janeiro, mas ele ainda não havia sido julgado. De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), em 16 de janeiro, Cleriston se uniu ao grupo que se dirigiu à Praça dos Três Poderes para “auxiliar, provocar, insuflar o tumulto, com intento de tomada do poder e destruição do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal”.
Ao ingressar no Congresso, juntos com os demais, ele empregou “violência com o objetivo declarado de implantar um governo militar, impedir o exercício dos Poderes Constitucionais e depor o governo legitimamente constituído que havia tomado posse em 1º de janeiro de 2023”. Segundo a denúncia, Cleriston entrou nas galerias do Congresso, “participando ativamente e concorrendo com os demais agentes para a destruição dos móveis que ali se encontravam”.
“Clezão” passou a ser tratado por políticos bolsonaristas como uma espécie de símbolo das supostas injustiças cometidas pelo Supremo Tribunal Federal.
Justificativa
Autora do pedido da sessão solene, a deputada Bia Kicis afirmou que “há um ano, um pai de família, esposo, trabalhador, líder comunitário e cidadão, foi morto na prisão, em Brasília, por negligência do Estado e, mais especificamente, por Alexandre de Moraes”. A deputada também destacou que “muitos alertas sobre o risco da morte iminente foram dados” pela Justiça para Alexandre de Moraes, mas foram “ignorados pelo ministro”.
“Clezão não resistiu e morreu deixando viúva, filhas órfãs, irmãos e uma mãe com essa perda irreparável. Estamos lembrando da história de Clezão, uma homenagem ainda que póstuma, e estamos lutando por tantos perseguidos e injustiçados. Que a morte de Clezão sirva de exemplo do que não pode ser tolerado”, afirmou.