Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de novembro de 2024
Milei direcionou duras críticas à China durante sua campanha eleitoral.
Foto: ReproduçãoO presidente da Argentina, Javier Milei, teve um encontro bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping, nessa terça-feira (19), no G20, no Rio de Janeiro. A reunião é mais um marco da drástica mudança de postura do argentino em relação ao país asiático.
A reunião ocorreu no hotel onde se hospedou o premier chinês e foi marcada por rigorosas medidas de segurança. Durante aproximadamente 30 minutos, Milei e Xi discutiram temas relevantes para a relação bilateral, incluindo a cooperação e a expansão dos laços comerciais entre os dois países. O governo argentino comunicou que a China demonstrou interesse em aumentar o comércio, enquanto a Argentina expressou seu desejo de diversificar e aumentar sua oferta de exportações para o mercado chinês.
Conhecido por discursos inflamados e posicionamentos polêmicos, Milei direcionou duras críticas à China durante sua campanha eleitoral. Chamou os asiáticos de “comunistas” e chegou a dizer que não faria negócios com o país.
Perto de completar um ano de governo, o tom agora é outro. Em entrevista a um programa de TV, no fim de setembro, Milei se referiu à segunda maior economia do mundo como “parceira comercial interessante” e confirmou que irá ao país em janeiro de 2025.
“Fiquei positivamente surpreso. É um parceiro comercial muito interessante porque eles não exigem nada, só pedem para não serem incomodados”, declarou.
A “cambalhota” retórica de Milei também foi tema de reportagens da imprensa argentina, mas a mudança de discurso não surpreende o mercado.
Especialistas dizem que a postura do presidente argentino reforça seu perfil pragmático, em especial diante da forte crise financeira que o país enfrenta — e da consequente necessidade de recursos para reverter o cenário. A crise envolve temas como reservas internacionais, contas públicas, câmbio, controle de capitais e mercado de crédito. Além de ter pouco dólar em caixa, o país acumula amplas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e precisa de parceiros para fazer a roda girar.
Diante do cenário, a China é uma importante fonte de recursos para a Argentina. Os países mantêm um acordo de swap cambial, por meio do qual os sul-americanos têm acesso à moeda estrangeira que falta em suas reservas. Mas a discussão vai além: a relação entre Argentina e China também traz elementos da geopolítica, em meio à guerra comercial travada entre os asiáticos e os Estados Unidos.
Emprestar recursos aos sul-americanos e manter uma relação de troca com um governo de direita — como o do ultraliberal Javier Milei — são ações que reforçam a imagem de uma China forte e influente no cenário internacional.