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Por Redação O Sul | 27 de abril de 2015
A segunda-feira novamente foi marcada por manifestações de caminhoneiros em rodovias do Rio Grande do Sul. Durante a noite, houve registro de protestos em ao menos três vias, apenas federais. Foram elas: as BRs 285, em Ijuí (Noroeste), 468, em Palmeira das Missões, e 386, em Boa Vista das Missões, ambos no Norte gaúcho.
Por volta das 19h, o tráfego era parcialmente interrompido com liberações periódicas no quilômetro 0 da BR-468. Durante a tarde, houve bloqueios parciais por cerca de 15 manifestantes também na BR-386, na altura do quilômetro 71.
Em Ijuí, na parte da manhã, o trânsito foi parcialmente interrompido para veículos de carga no quilômetro 457 da via. Liberações periódicas ocorreram até a tarde. Entre as 21h e 21h30min, todas as três foram liberadas. As manifestações devem ser retomadas nesta terça-feira em Ijuí, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.
Final de semana
No sábado (25), veículos de carga foram impedidos de trafegar em três pontos no Estado. Não houve incidentes. Já no domingo (26), também foram registrados protestos em rodovias. Na parte da manhã, houve bloqueios parciais nos dois sentidos da BR-472, em Santa Rosa, no Noroeste do RS e na BR-285, em Ijuí. Em ambas as estradas, só era proibida pela categoria a passagem de caminhões. Durante a tarde, cerca de 30 motoristas realizaram uma carreata por ruas de Santa Rosa. Muitos condutores estavam acompanhados de familiares que carregavam as bandeiras brasileira e do Rio Grande do Sul, assim como cartazes de protestos.
Em Pelotas, no Sul do RS, em razão dos novos atos, houve, no final da semana passada, corrida aos postos de combustíveis da cidade. Temendo novos desabastecimentos, a exemplo do que foi registrado durante a paralisação da categoria em fevereiro, motoristas chegaram a esperar mais de uma hora em filas para abastecer seus veículos.
Reunião
No dia 26 de março, uma reunião entre governo, caminhoneiros e embarcadores terminou sem acordo. Na ocasião, o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, disse que o Planalto pediu prazo para analisar a proposta de tabelamento. No entanto, em encontro no último dia 22, o governo rejeitou a criação do frete mínimo. Ao ouvirem a posição de Rodrigues e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, os profissionais abandonaram a reunião, protestando e gritando: “O Brasil vai parar!”. Eles esperavam que fosse considerada a autorização de uma tabela de fretes, uma vez que já havia sido afastada a possibilidade de redução do preço do óleo diesel, outra reivindicação dos caminhoneiros.
Frete
A tabela de frete mínimo, buscada pelos caminhoneiros, aumentaria em torno de 30% o valor do frete praticado hoje. Eles alegam que esse valor é necessário para cobrir os gastos com o transporte e protegê-los de oscilações do mercado que, segundo eles, costumam repassar a baixa lucratividade no preço do frete. “Essa tabela garantiria a cobertura de todos os gastos do transporte. Caso algum problema venha a acontecer no agronegócio, por exemplo, que não seja o transporte a pagar por isso. Que não possa ser contratado um frete abaixo do custo. Essa é uma tabela de custo e não de lucratividade”, explicou Gilson Baitaca, representante dos caminhoneiros autônomos.
A tabela sugerida seria apenas referencial, ou seja, não teria cumprimento obrigatório. “Nós, do setor, vivendo isso todo dia, sabemos que uma tabela referencial, não obrigatória, não será cumprida. Nunca foi”, disse Baitaca. “Nós nos sentimos derrotados nesse momento. Precisávamos de uma tabela mínima de preço de frete. E não foi isso que o governo deu. A tabela referencial não nos tem servido”, disse Janir Botelho, também representante da categoria.
Fevereiro
Entre fevereiro e março deste ano, os caminhoneiros realizaram paralisação em alguns Estados do País. Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso foram onde as manifestações duraram mais tempo. Cidades dos locais supracitados sofreram com desabastecimento de combustíveis, alimentos, suspensão de aulas em algumas escolas e até o serviço de limpeza urbana foi afetado.
No início de março, porém, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a chamada Lei dos Caminhoneiros, que estabelece regras para o exercício da profissão. Entre as novas normas estão pedágio gratuito e perdão de multas por excesso de peso recebidas nos últimos dois anos. A lei fez parte de acordo para o desbloqueio de rodovias em todo o País.