A mulher que aparece apontando para o tão almejado diploma é negra. Já a mão que segura o canudo, branca. A propaganda compartilhada na quinta-feira (13) em redes sociais do MEC (Ministério da Educação) vem gerando balbúrdia.
O anúncio, que divulga o último dia de inscrições para concorrer a bolsas que dão 50% ou 100% para cursos de uma instituição privada, foi acusado de racismo na internet, por retratar um aluno que entra na faculdade negro e sai branco quando diplomado – o auge dessa primeira etapa universitária, portanto.
O perfil da pasta no Instagram vai além. Mostra um vídeo com a mesma imagem, mas com uma evolução: sobre o rosto da jovem negra com penteado afro se sobrepõe o de uma branca com cabelos lisos.
Três reações no Twitter ganharam destaque na enxurrada de respostas críticas à peça publicitária. Uma delas diz: “Ganhe um diploma e troque a cor da pele”. A outra: “Opa, MEC racista: tá tendo”. Há ainda uma montagem em que a mão com o canudo está com o dedo do meio em riste.
O estranhamento se segue no Instagram. Por lá, uma conta replicou no post: “Não entendi. A gente entra preta e sai branca da faculdade? Oi?”. Outra logo abaixo comentou: “Propaganda racista do governo federal choca zero pessoas”.
O MEC afirmou por meio de sua assessoria que “a campanha tem por finalidade informar aos estudantes, que realizaram a prova do Enem, que eles terão oportunidade de utilizar a nota do exame para ingressar em universidades públicas e particulares por meio do Sisu, ProUni e Fies”.
Segundo nota divulgada pelo ministério, “a intenção é enfatizar que as oportunidades são iguais para todos os candidatos, e a linguagem escolhida foi a sobreposição de imagens que demonstram a variedade de cor, raça e gênero”.
Comercial do BB
Em abril deste ano, o presidente Jair Bolsonaro vetou uma propaganda do BB (Banco do Brasil) que estimula a abertura de conta corrente por meio do aplicativo da instituição financeira e é marcado pela diversidade e juventude dos personagens. O diretor de comunicação e marketing da estatal, Delano Valentim, foi afastado do cargo.
O Banco do Brasil afirmou que o presidente da instituição, Rubem Novaes, concordou com Bolsonaro sobre a necessidade de retirar do ar a peça publicitária. O afastamento de Valentim foi um “consenso”, segundo o banco.
O vídeo vetado por Bolsonaro faz parte de uma campanha mais ampla produzida pela agência WMcCann, iniciada no final do ano passado e focada na promoção da diversidade racial (há muitos atores negros) e sexual (peças com a participação de transexuais) e nas tentativas de atrair o público jovem e incentivar o uso do aplicativo do banco.