Uma pesquisa recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que o câncer colorretal teve um crescimento exponencial na última década. Em 2022, foi o terceiro mais incidente na população brasileira, com 69.118 registros, o que representa 9,6% dos casos totais de câncer do país (627.193). Para 2024, as perspectivas também preocupam: são estimados 45.630 novos diagnósticos, sendo 5.800 deles (13% do total) no Rio de Janeiro, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Os dados reforçam a importância de campanhas como o Março Azul Marinho, de conscientização sobre a doença. Mas, além de se informar sobre o câncer colorretal, é preciso que a sociedade invista em prevenção, diz a oncologista Bárbara Sodré, da Oncoclínicas Rio de Janeiro e coordenadora de Oncologia do Hospital Marcos Moraes. Segundo ela, parar de fumar, controlar o peso, moderar o uso de bebidas alcoólicas, praticar exercícios físicos aeróbicos e cuidar da alimentação são fatores que podem ajudar a prevenir o câncer colorretal e outras neoplasias.
Outra medida importante, diz a médica, é fazer exames de rastreio, como sangue oculto nas fezes e colonoscopia, capaz de diagnosticar lesões iniciais que podem evoluir para um câncer colorretal.
Não basta, no entanto, fazer a colonoscopia e retirar algum pólipo ou lesão, alerta a médica, para o risco ser eliminado. É preciso, diz Bárbara, que seja feita uma análise da biópsia para traçar a melhor conduta para cada paciente, nos casos em que ele receber o diagnóstico positivo para o câncer colorretal ou apresentar uma lesão de alto risco.
A colonoscopia deve ser feita a partir dos 45 anos, e, em alguns casos, até mesmo antes. Para pessoas com parentes próximos, de primeiro grau, que tenham sido acometidos pela doença, a recomendação é se submeter ao exame 10 anos antes do diagnóstico do familiar. Ou seja, se o parente de primeiro grau tiver apresentado câncer colorretal aos 45 anos, o filho deve fazer a primeira investigação aos 35 anos.
O rastreio para o câncer de intestino é importante porque a doença pode ser silenciosa. Em alguns casos, os pacientes só descobrem a neoplasia em estágio avançado, quando ela provoca obstrução intestinal, sangramento ou dores abdominais. Outros sintomas observados são emagrecimento súbito, alteração no hábito intestinal e anemia.
Fatores de risco
Para evitar o câncer colorretal, a principal recomendação é mudar os hábitos de vida, inclusive os alimentares. É preciso diminuir o consumo de carne vermelha, evitar refrigerantes açucarados, retirar da dieta alimentos processados e ultraprocessados, além de aumentar o consumo de legumes, verduras e de grãos em geral.
Além disso, é preciso prestar atenção ao consumo de gorduras. “Há as boas, como as do azeite, abacates e nozes. Mas devemos evitar as saturadas, que estão nas manteigas, cremes, banha de porco e queijos e também não consumir as gorduras trans, que estão presentes nos alimentos embalados, como salsichas, pizzas, biscoitos, entre outros.
“Para uma alimentação mais saudável, podemos utilizar o lema de descascar mais e desembalar menos”, comenta a especialista.
Tratamento
Os tratamentos para o câncer evoluíram muito. Caso a pessoa seja acometida pelo câncer no cólon ou de reto, é preciso manter a tranquilidade. Há várias opções de terapia. Além de cirurgia, é possível contar com quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo.
“Se a neoplasia for localizada e com características de alto risco, há recomendação de realização de quimioterapia adjuvante para evitar que a doença volte. No caso de tumores metastáticos, a indicação é quimioterapia aliada a terapia-alvo ou imunoterapia, dependendo das alterações moleculares do tumor. Se o câncer for no reto, com doença localmente avançada, a terapia neoadjuvante com quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia é a mais indicada”, explica a especialista. As informações são do jornal Extra.