Um relatório divulgado pela Sociedade Americana do Câncer em janeiro indica um rápido aumento na incidência de câncer colorretal entre pessoas na faixa dos 20, 30 e 40 anos, ao passo que tem havido uma diminuição entre aquelas com mais de 65 anos.
“Infelizmente, estamos vendo esse problema crescer a cada ano”, disse Michael Cecchini, codiretor do programa colorretal do Centro de Câncer Gastrointestinal e oncologista médico do Centro de Câncer de Yale. Ele observou que os casos desse tipo de câncer precoce têm aumentado cerca de dois por cento ao ano desde meados da década de 1990. Esse aumento fez com que o câncer colorretal se tornasse a principal causa de morte por câncer em homens com menos de 50 anos e a segunda principal causa de morte por câncer em mulheres com menos de 50 anos nos Estados Unidos.
Na verdade, os especialistas estão observando um aumento dos casos de câncer colorretal de início precoce no mundo todo – tendência que estão tentando explicar.
Jovens
O câncer colorretal, que engloba tanto o câncer de cólon quanto o de reto, apresenta diversas semelhanças e é frequentemente agrupado em uma única categoria. No entanto, estudos indicam que o aumento nos diagnósticos é impulsionado principalmente pelos casos de câncer de reto e daqueles localizados no lado esquerdo ou distal do cólon, próximo ao reto.
A maioria dos afetados pelo câncer colorretal precoce é jovem demais para receber a recomendação de fazer exames preventivos regulares, que têm ajudado a diminuir a incidência em adultos com mais de 50 anos. Em 2021, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA reduziu em apenas cinco anos a idade recomendada para iniciar o exame de câncer colorretal – de 50 para 45 anos.
A grande maioria dos casos de câncer colorretal ainda é diagnosticada em pessoas com 50 anos ou mais. No ano passado, a Sociedade Americana do Câncer previu que cerca de 153 mil novos casos seriam identificados nos EUA em 2023, dos quais 19.550 seriam em indivíduos com menos de 50 anos. Entretanto, um estudo publicado no periódico do Instituto Nacional do Câncer dos EUA revelou que a geração millenial, nascida por volta de 1990, enfrenta o dobro do risco de câncer de cólon em comparação com pessoas nascidas na década de 1950. Além disso, o risco de câncer retal nesta geração é cerca de quatro vezes maior do que em faixas etárias mais avançadas.
Quando o câncer é diagnosticado em uma idade mais jovem do que o habitual, os médicos geralmente suspeitam de mutações genéticas. Estudos moleculares indicam que os tumores colorretais precoces apresentam mutações cancerígenas distintas em comparação com os tumores em adultos mais velhos. Além disso, há provas de um componente genético: ter um parente de primeiro grau com histórico de câncer colorretal – ou mesmo um pólipo pré-canceroso – pode aumentar o risco, disse Cecchini, advertindo, no entanto, que as alterações genéticas não explicam completamente o quadro.
Algumas pesquisas associam mudanças no estilo de vida e na dieta ao aumento dos casos de câncer colorretal em jovens e adultos mais velhos. As gerações recentes têm consumido mais carne vermelha, alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas, além de frequentemente exagerarem no consumo de álcool. Entre 1992 e 1998, o tabagismo também registrou um aumento antes de voltar a cair, enquanto a atividade física tem diminuído consistentemente ao longo das décadas. Todos esses fatores, aliados ao aumento das taxas de obesidade desde a década de 1980, estão associados ao risco de câncer. Mais uma vez, porém, nenhum deles pode ser considerado como único responsável pelo aumento do câncer colorretal de início precoce.