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Câncer de pênis: em 25% dos casos registrados no Brasil o órgão tem de ser amputado; entenda

Homens devem ficar atentos à prevenção, pois a doença não tem tratamento. (Foto: Reprodução)

O Brasil é um dos países com maior incidência de câncer de pênis no mundo — ele fica atrás apenas de alguns países africanos. Segundo dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Ministério da Saúde, apenas em 2022 foram registrados 1.933 casos da doença no país. Desse total, em 459 casos foi necessário a amputação do órgão (quase 25%).

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Alfredo Canalini, os números são uma “vergonha” para o País, pois é uma das doenças mais preveníveis que existe, e que pode ser evitada com medidas relativamente simples, entretanto a falta de informação ainda é presente para uma grande parte da população.

“As duas principais causas do câncer de pênis é a limpeza inadequada e a infecção pelo vírus do HPV que pode ser evitada com a vacina que já está disponível no SUS de forma gratuita para meninos de 9 a 14 anos. É o mesmo vírus que causa o câncer de colo de útero em mulheres e o câncer de reto. As pessoas precisam saber e se informar que há vacinas para essas doenças e que elas podem e devem ser prevenidas. Os meninos que se imunizarem além de não se contaminar, impedem de se transformarem em vetores de transmissão para meninas”, explica o urologista.

Higiene

Canalini ainda diz que é necessário ensinar aos homens, de maneira geral, sem especificar uma faixa etária a limpar a região íntima.

“Para lavar é preciso pegar aquela pelezinha, que é chamada de prepúcio e puxar até aparecer toda a extremidade arredondada do pênis, chamada de glande. Entre as duas partes acumula muita sujeira. Precisa lavar com água, sabão, enxaguar bem e depois secar. Os homens que não conseguem puxar essa pele precisam fazer uma cirurgia para a retirada dela, que nesse caso é chamada de fimose, justamente para impedir que a sujeira acumule nessa região”.

Sintomas

Geralmente o câncer de pênis se manifesta por meio de uma lesão na região genital, na grande maioria das vezes na glande ou na face interna do prepúcio. Essa ferida pode gerar coceira, queimação e forte odor, mas a principal característica é a não cicatrização do machucado depois de uma semana ou até um mês mesmo tendo sido feito tratamento local com medicações tópicas. Elas podem ser confundidas com infecções sexualmente transmissível (IST), entretanto é importante procurar um médico especialista em qualquer surgimento dos sintomas.

Se não for tratada, a doença pode se agravar e aumentar de tamanho podendo ser necessário a amputação parcial ou total do órgão que podem levar a morte. Em 2020, por exemplo, 463 pessoas morreram de câncer de pênis no país.

Prevenção

“Os homens, principalmente, têm essa questão cultural de ir ao médico apenas quando sentem dor e o quadro clínico já é gravíssimo. Precisamos mudar isso. O número de consulta de mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS) em comparação com o de homens é discrepante. Segundo o DataSUS, a menina adolescente se cuida 18x mais do que os meninos jovens, por isso elas tem uma expectativa de vida entre 7 a 10 anos mais do que os homens”, explica Canalini.

Entretanto, o urologista afirma que no caso de câncer de pênis, a incidência é maior em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou com pouca escolaridade.

“Com a informação certa o paciente pode procurar um médico com antecedência para ser tratado, o que significa um aumento de mais de 90% de chance de tratamento e cura para aquele indivíduo sem precisar realizar uma cirurgia agressiva ou até mesmo uma amputação”, diz Canalini.

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