Candidato à reeleição à presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) conseguiu realinhar seus anseios aos de parte expressiva dos partidos do centrão, sua principal base de apoio.
Em reuniões na última semana, o democrata prometeu que, independentemente da posição que for adotada por sua sigla diante do governo Bolsonaro, ele manterá atitude de isenção e distância regulamentar da nova administração. O compromisso foi o suficiente para adoçar as cúpulas de PP, PR e PSD.
O acerto que voltou a ser costurado com o centrão tem a anuência da direção do DEM, que reconhece, neste momento, que Maia precisará representar uma coalização de interesses mais amplos, que extrapolam os estritamente partidários. A articulação para reeleger Maia fará com que a discussão de um eventual apoio formal do DEM ao governo Jair Bolsonaro (PSL) seja levada sem pressa.
Bolsonaro
Durante evento militar no fim de semana no Rio de Janeiro, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) admitiu que já gostaria de ter definido todos os ministros para o seu futuro governo, mas assegurou que os critérios de nomeação são técnicos, “não uma festa”. Ele também atribuiu à “precaução” o fato de ainda não ter preenchido todo o primeiro escalação que assumirá o comando do País a partir de 1º de janeiro.
“Eu não fui eleito para fazer um governo como os anteriores”, frisou. “Não vou jogar cargo para cima e quem se jogar na frente pega. “Para divulgar os outros ministros, ainda falta a gente conversar com aqueles que pretendemos colocar.”
Ainda de acordo com o futuro chefe do Executivo, todos os ministérios são importantes e a escolha dos respectivos titulares tem que ser muito bem discutida: “A gente não pretende anunciar os nomes e, depois, lá na frente, trocá-los. É igual a um casamento, você pode namorar com muitas pessoas, mas ficar noivo e casar, é só com uma, é isso que queremos”.
Bolsonaro também negou que houvesse pressão dos evangélicos ou do DEM (partido do deputado federal reeleito e futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni) para a definição de quem serão os ocupantes do primeiro escalão de governo. A afirmação foi feita após Bolsonaro ter sido perguntado se a bancada evangélica no Congresso Nacional se opôs ao educador Mozart Neves – diretor do Instituto Ayrton Senna – para a Educação.
Mozart é crítico do projeto Escola sem Partido, uma das principais bandeiras do presidente eleito, mas aliados de Bolsonaro no segmento religioso o teriam considerado “meio esquerdista” para o perfil que idealizam no Ministério. Para a função, Bolsonaro acabou anunciou o professor colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodríguez, um nome desconhecido da comunidade educacional mas que tem afinidade com o projeto.
“Não teve nenhuma pressão da bancada evangélica. Ela é muito importante, não só para mim, mas para o País. No entanto, essa pessoa indicada não é evangélica, pelo que eu sei, mas atende aquilo que a bancada defende como valores familiares”, disse o presidente eleito.