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Candidatos de oposição na Venezuela precisarão de atestado de conduta

Carmen Meléndez discursa ao lado de retratos de Chávez e Bolívar. (Foto: AP)

Os candidatos da oposição venezuelana à eleição de governadores do próximo dia 10 de dezembro deverão ter um “certificado de boa conduta” emitido pela Assembleia Constituinte do presidente Nicolás Maduro, informou nesta quarta-feira (9) o líder chavista Diosdado Cabello.

“Quem quiser concorrer deverá ter um certificado de boa conduta da Assembleia Nacional Constituinte (…), um certificado que diga que você nunca propôs queimar a Venezuela”, declarou Cabello em seu programa semanal de televisão.

A coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática) anunciou nesta quarta-feira que irá apresentar candidatos aos governos, apesar da “maior fraude eleitoral da história” na votação para a Constituinte, em 30 de julho passado.

Cabello se referia aos líderes da MUD que lideram os protestos contra Maduro, que nos últimos quatro meses deixaram 125 mortos.

“Se você acredita, senhor amargurado, que vai se inscrever após mandar queimar a Venezuela e sair pelo mundo dizendo que é preciso invadir a Venezuela, você rodou, papai”, disse Cabello entre aplausos da plateia.

A Constituinte começou a deliberar na sexta-feira passada como um “suprapoder” e segundo Cabello poderá ser “soberaníssima” pelo prazo de “quatro, cinco ou seis anos”.

Condenação de prefeitos opositores gera protestos

Manifestantes bloquearam ruas da zona leste de Caracas em protesto à condenação de mais dois prefeitos opositores pelo governo da Venezuela em menos de 48 horas. Com a Assembleia Nacional Constituinte em vigor há menos de uma semana, o TSJ (Tribunal Superior de Justiça) decretou a sentença de Ramon Muchacho, do município de Chacao, e de David Smolansky, da cidade de El Hatillo, a 15 anos de prisão cada. A MUD (Mesa da Unidade Democrática), principal partido opositor, convocou os venezuelanos a continuar a protestar no próximo sábado contra as prisões do governo.

Smolansky, cujo paradeiro é desconhecido após ausência na audiência da Corte, foi condenado por desacatar uma sentença que o obrigava a retirar os bloqueios de ruas que manifestantes fizessem em sua cidade. Muchacho também foi preso sob o mesmo argumento.

Entre o final de julho e início de agosto, o TSJ destituiu e condenou os prefeitos das cidades Diego Bautista Urbaneja, Iribarren e Libertador. Entre os cinco, apenas um foi de fato preso, os outros estão na clandestinidade.

A condenação de Smolansky, integrante do partido Vontade Popular, fundado pelo líder opositor Leopoldo López, gerou protestos em El Hatillo, onde dezenas de pessoas bloquearam as principais vias da cidade com barricadas. Os manifestantes carregavam cartazes com frases como “Nosso apoio ao prefeito Smolansky”.

“Estou indiginada. É injusto e uma prova a mais do que está acontecendo no país”, afirmou a aposentada Estela Palermo, de 62 anos, em ato em El Hatillo, criticando a intenção do governo de reprimir qualquer liderança.

Plenos poderes da Constituinte

As ações contra Smolansky ocorrem no momento em que a Constituinte avança com o controle sobre o Ministério Público após a destituição da procuradora-geral. A nova Assembleia tenta submeter todos os poderes e instituições da Venezuela a suas decisões, enquanto o Parlamento, a Assembleia Nacional, de maioria opositora, insiste em não reconhecer as medidas junto a um aumento da rejeição internacional.

O presidente Nicolás Maduro, principal influenciador no processo da Constituinte, minimizou as pressões externas e ameaças dos Estados Unidos que sancionou oito políticos venezuelanos na quarta-feira, entre eles uma das cinco diretoras do Conselho Nacional Eleitoral e o irmão do ex-presidente Hugo Chávez. (Folhapress/AG)

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