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Por Redação O Sul | 26 de julho de 2017
A PGR (Procuradoria-Geral da República) está acelerando os trabalhos para finalizar a negociação de pelo menos cinco acordos de delação premiada até a saída do chefe do órgão, Rodrigo Janot, em 17 de setembro.
Segundo relatos de investigadores, o procurador-geral e sua equipe pretendem concluir as tratativas com a empreiteira OAS, o ex-ministro Antonio Palocci, o empresário Henrique Constantino, sócio da Gol, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro. O grupo dedicado à Lava-Jato tem trabalhado intensamente. Na semana passada, procuradores fizeram reuniões até as 23h30min.
Advogados da JBS, que entregarão mais 20 anexos (volumes) para complementar os depoimentos, também estiveram no local. Advogados afirmam que não sabem o que esperar de negociações com a futura procuradora-geral, Raquel Dodge –principalmente, o que sua equipe exigirá para negociar delações.
Os defensores dizem que já conhecem a dinâmica do grupo de Janot e os assuntos que despertam seu interesse. Os investigadores alertam, nos bastidores, que finalizar uma negociação não significa necessariamente que a delação premiada será assinada. Pode haver casos em que a PGR opte por encerrar as conversas sem chegar a um acerto, por exemplo. A Procuradoria, porém, priorizou essas cinco delações porque acredita que são grandes as chances de serem homologadas pelo Supremo até setembro, ainda na gestão de Janot.
Vazamentos
Envolvidos nas tratativas relatam que o acordo mais avançado é o da OAS, em negociação há mais de um ano. As conversas foram interrompidas por oito meses, após vazamentos, e retomadas em março. A empresa fechou o conteúdo do que vai revelar e passará a discutir em no máximo duas semanas os benefícios para os potenciais delatores.
Henrique Constantino é um dos mais adiantados na fila, mas tem enfrentado dificuldades na fase final. Seus advogados chegaram a viajar duas vezes para Brasília para firmar o acordo, que ainda não saiu. Os procuradores estão exigindo mais informações, as quais o candidato a delator afirma não ter. As conversas empacaram.
A negociação de Palocci é outra que ganhou fôlego. Apesar da proposta inicial – sem nomes com foro privilegiado e sem que ele assumisse a prática de crimes – ter decepcionado os investigadores, o ex-ministro apresentou uma nova leva de assuntos, cerca de 40 no total, com fatos mais consistentes e políticos com foro. Nas últimas semanas, segundo quem o visitou na prisão, em Curitiba, Palocci tem dado sinais de mais otimismo sobre seu acordo.
No caso de Cunha e de Funaro – este último apontado como operador do político do PMDB –, o discurso que os procuradores têm adotado é o de que só aceitarão celebrar a delação com um dos dois, sobretudo pelo fato de ambos terem atuado em um mesmo esquema. A força-tarefa de Curitiba já se mostrou contrária a um acordo com Cunha. Sua preferência é por Funaro. Mesmo assim, não está descartado que Janot mude de ideia e assine com ambos, como aconteceu em situações anteriores quando passou a ser procurado por várias empreiteiras simultaneamente.
Dois advogados relataram, sob a condição de não serem identificados, que ainda paira dúvida sobre o comportamento de Dodge. Para eles, Dodge foi colocada na Procuradoria pelo Palácio do Planalto sob a expectativa de frear a Lava-Jato – algo que ela tem negado. Um dos casos mais delicados é o de Cunha, que apresenta como trunfo fatos diretamente ligados a Temer. Há a preocupação da defesa de que, se Temer cair, a PGR perca o interesse em um eventual acordo.
Dodge confidenciou a colegas que está apreensiva com o que vai herdar. Após se dedicar à análise do orçamento do órgão para 2018, ela já adiantou que passará a estudar as delações premiadas que estão pendentes. (Folhapress)