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Brasil Candidatos reclamam que o Enem digital foi mais fácil: Entenda por que não há risco de alguém ser beneficiado

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Métodos de correção e de formulação da prova garantem que as notas sejam sempre comparáveis. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Nas redes sociais, candidatos que fizeram a versão impressa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 afirmam que a edição digital da prova, aplicada no domingo (31), estava mais fácil. Em posts, eles dizem que é uma “injustiça” que todos concorram pelas mesmas vagas nas universidades, depois de avaliações supostamente tão diferentes.

Ao G1, especialistas explicam que os métodos de correção e de formulação do Enem garantem que todas as provas tenham o mesmo nível de dificuldade. A impressão de que alguém foi beneficiado por questões mais simples é ilusória.

“Os exames são compostos por perguntas do banco nacional de itens. Elas já foram pré-testadas e calibradas”, afirma Fernando Santo, gerente de Inteligência Educacional e Avaliações do Poliedro.

Ou seja: o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que formula o Enem, já tem um “acervo” com questões consideradas fáceis, médias ou difíceis.

“Na hora de montar, é só distribuir as perguntas com base nos graus de dificuldade de cada uma. Os assuntos podem ser diferentes, mas o número de questões consideradas simples vai ser aproximadamente o mesmo em todas as versões do Enem”, diz Santo.

Sempre a mesma escala

Outro argumento que mostra que ninguém vai ser favorecido é o uso da mesma escala de comparação desde 2009.

Para considerar o que é fácil e o que é difícil, o Inep toma como base o índice de acertos nos pré-testes. Em uma amostra que represente os candidatos do Enem, alunos de diferentes perfis resolvem, muito tempo antes, aquelas perguntas. Se vários acertam, ela é considerada fácil – e recebe uma pontuação mais baixa.

Na hora de formular o Enem, o valor de cada questão é colocado em uma “régua”: o meio dela é o “500”. Se uma questão for ancorada no patamar “800”, por exemplo, significa que provavelmente oferecerá mais dificuldade para a maioria dos candidatos.

Dessa forma, é possível montar uma avaliação com um nível equilibrado de dificuldade, com perguntas distribuídas pelas diferentes posições da tal “régua” (veja abaixo a ilustração presente no guia do participante do Inep).

Acertar mais questões não significa ter nota melhor

Outro mecanismo que garante a comparação entre diferentes edições do Enem é o método de correção da prova — chamado Teoria de Resposta ao Item (TRI). Ele é programado para dar uma nota menor a quem “chutar” as respostas.

Mas como? Imagine um atleta competindo em uma prova de salto em altura. Se ele foi capaz de saltar 3 metros, deve ter conseguido também pular o obstáculo de 2 metros, certo? A TRI busca detectar essa coerência no desempenho dos alunos no Enem.

Se um candidato acertou uma questão muito difícil, deve ter resolvido com tranquilidade a de nível fácil.

Por outro lado, se ele acertou as 15 questões mais complexas de matemática, mas errou justamente as 15 mais fáceis… provavelmente foi na sorte. O sistema de correção detecta o “acerto ao acaso” – ou seja, o “chute” – e atribui uma pontuação menor ao candidato.

Questão emocional

É natural, segundo os especialistas, que os alunos tenham a impressão de que a prova deles foi mais difícil. “Eles não estão levando em conta a hora do exame, em que estavam mais pressionados. Ver as questões depois faz tudo parecer mais simples”, diz Rangel.

“Eles também se lembram só daquelas perguntas mais difíceis na própria prova e esquecem as que responderam com mais facilidade.”

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