A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, voltou a criticar na última sexta-feira (15), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Dessa vez, a petista disse que é “cara de pau” do chefe da autoridade monetária dizer que uma redução na jornada prejudicaria trabalhadores.
“Que Roberto Campos Neto não entende nada sobre a vida e as necessidades de quem trabalha pra ganhar a vida num País com as maiores taxas de juros do mundo, isso não é novidade pra ninguém. Mas dizer que o fim da jornada 6×1 vai prejudicar os trabalhadores é muita cara de pau”, disse a presidente do PT em seu perfil no X, antigo Twitter.
“A declaração serve, pelo menos, para deixar bem claro de que lado ele está, e não é o lado dos trabalhadores nem o do Brasil”, afirmou a petista.
Um dia antes, na quinta-feira (14), o presidente do BC falou sobre a discussão em torno da jornada de trabalho durante uma palestra. “É um projeto que acho bastante prejudicial para o trabalhador, porque no final vai aumentar o custo de trabalho, a informalidade, e diminuir a produtividade”, declarou o presidente do Banco Central na ocasião.
Campos Neto é alvo frequente das críticas de Gleisi Hoffmann por causa da taxa de juros fixada pelo BC. Petistas identificam no chefe da autoridade monetária um aliado do bolsonarismo, por causa da proximidade que ele teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro na gestão anterior. Campos Neto deixará o cargo no final do ano e será substituído por Gabriel Galípolo, que tem a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Próximos passos
A proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6×1 — uma folga a cada seis dias de trabalho — foi um dos assuntos mais comentados em redes sociais e gerou diversos tipos de debates na última semana. O projeto, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), já alcançou o apoio necessário para começar a tramitar no Congresso. Eram necessárias as assinaturas de ao menos 171 dos 513 deputados.
Embora já tenha conseguido reunir as assinaturas necessárias para ser formalmente apresentada, a PEC ainda precisa passar por diversas etapas legislativas antes de se tornar uma realidade. O primeiro passo após a coleta das assinaturas é a apresentação oficial da PEC, que, em seguida, será analisada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A CCJ é responsável por avaliar a admissibilidade da proposta.
Depois, ela passa por comissões especiais, que discutem o mérito e podem alterar o texto original, visando melhorias ou uma maior chance de aprovação e apoio interno entre os deputados. A proposta deve passar por uma série de audiências públicas, onde sindicatos, associações e especialistas serão ouvidos para enriquecer o debate e fornecer subsídios para os congressistas decidirem.
Após a análise nas comissões, a PEC é levada ao plenário da Câmara, onde os deputados votarão. A aprovação depende do voto favorável de 308 dos 513 deputados. Se aprovada, a proposta seguirá para o Senado, onde passará por um processo semelhante.
Caso haja discordância entre as duas Casas, a PEC poderá passar por um processo de ajustes sucessivos, com nova votação e apreciação até que ambas as Casas cheguem a um consenso sobre o texto final. Uma vez que a PEC seja aprovada de forma definitiva nas duas Casas, sem modificações ou após a resolução das alterações, ela será promulgada.