O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, se pronunciou no sábado (30) mais uma vez sobre o inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga, também, o envolvimento do pai no planejamento de um golpe de Estado em 2022.
Na postagem publicada na tarde de sábado, Carlos questiona e descredibiliza a investigação da PF, a qual chama de ‘novela mexicana’. “Por que não fizeram nada antes?”, pergunta. “Prevaricaram ou o roteiro atrasou por que vejo (veio) de táxi e não de naves espaciais como no filme Men in Black (Homens de preto)? Quem pergunta é a leitora Maria do Bairro.”
Mais cedo, ele havia criticado o inquérito e o conglomerado de mídia Globo, para o qual o advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, concedeu entrevista. “Os vazamentos de informações que deveriam correr sob segredo de justiça, somados às ilegalidades cometidas todos os dias”, escreveu. “E então surge toda a militância midiática agindo, paga com o aumento de seus impostos.” Ele repete a ideia de que a investigação da Polícia Federal seria planejada ou encenada, dizendo que o “roteiro” estaria claro.
Na última sexta-feira (29), Cunha Bueno deu entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News, e também questionou a investigação. O advogado afirmou que Bolsonaro teria sido pressionado, mas não teria aderido ao golpe.
Responsável pela defesa do ex-presidente no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado, Paulo Cunha Bueno também criticou a investigação e defendeu que o cliente foi abordado “com todo tipo de proposta”, mas “não aderiu a elas”. Segundo ele, haveria ações de grupos isolados, das quais algumas “não chegaram ao presidente”.
Bueno diz que o processo eleitoral no Brasil em 2022 foi “insólito”, ou seja, diferente de como costuma ser. Ele diz que “as pessoas foram para porta de quartel por conta própria” devido a “uma ação espontânea de indignação e de inconformismo”.
“É evidente que você tem grupos conformistas, inconformados, radicalizados”, afirmou ao canal a cabo. “Cada um com algumas pretensões e trazendo suas próprias soluções. O fato é que o presidente Bolsonaro não foi aderente a nenhuma delas (…). É fato. Não aderiu. Se ele quisesse aderir a isso, digo e repito para todo mundo: vamos supor que essa narrativa, porque uso a expressão ‘narrativa’ para essas 884, porque, a meu ver, são contaminadas pela falta de imparcialidade objetiva, tanto do ministro que a conduz quanto dos investigadores que ele colocou.”
O advogado também disse que, mesmo tendo conhecimento de propostas, “não era obrigação” de Bolsonaro denunciar. Ainda, que o ex-presidente teve “diversas conversas” com ministros e comandantes de Forças sobre uma possível “aplicação do estado de defesa”, que “evidentemente foi descartado”, mas “nunca foi tratado de algum movimento golpista”.
“Estado de defesa é uma palavra interessante. Algumas palavras ecoam muito mal no ouvido das pessoas e muito pior do que realmente significam. Estado de defesa fica parecendo que é uma ação unilateral do chefe de Estado, uma ação de força de um presidente, de um governante. Não é. O estado de defesa tem uma previsão na Constituição para situações específicas e com um rito que não dá ao presidente esse poder (…). Isso não é um ato unilateral, um ato de força do presidente da República. Que isso fique claro. E que se foi discutido naquele momento, evidentemente foi descartado.”
Sobre intenções dos kids pretos, Bueno diz que “quem seria beneficiado seria uma junta que seria criada após a ação, a Operação Punhal Verde e Amarelo”; que “nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”; e que “o que está escrito no arquivo não beneficia” o ex-presidente. “Quem iria assumir o governo, em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela acho que chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo.” As informações são do jornal Correio Braziliense.