Carlos Bolsonaro criticou, nesta semana, o movimento de nomes da direita que estariam se aproveitando da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu pai, para se colocar como lideranças do segmento para as eleições presidenciais de 2026.
Bolsonaro ficará até 2030 sem poder concorrer em eleições, após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho, Bolsonaro foi condenado pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas. O discurso foi transmitido ao vivo nas redes sociais e na TV Brasil. A ação foi apresentada pelo PDT.
Com a decisão, Bolsonaro fica impedido de participar das eleições de 2024, 2026 e 2028. Em tese, estará apto a concorrer em 2030, por uma diferença de 4 dias. Isso porque a inelegibilidade é contada a partir de 2 de outubro do ano passado.
“O que aparece são algumas pessoas querendo usar a atual inelegibilidade do presidente Bolsonaro para se colocar na liderança com o discurso de atacar o outro, eu acho isso baixo. Vejo partidos fazendo isso, movimentos fazendo isso. Infelizmente, acontece ainda, mas cabe ao eleitor identificar e saber. A pessoa não muda de uma hora para a outra, são interesses”, afirmou o vereador pela cidade do Rio de Janeiro, em entrevista ao podcast de direita Pod Atualizar, da blogueira bolsonarista Barbara Destefani.
Durante a conversa, o parlamentar não citou nomes. Entretanto, entre as figuras da direita que vêm tentando ganhar projeção no cenário está o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, filiado ao Partido Novo. Ele se reelegeu ao governo mineiro no ano passado e tenta aumentar tração e conhecimento de seu nome pelo Brasil. Desde o começo do ano, Zema vem, por exemplo, turbinando gastos na área de comunicação.
Outro nome que vem se aproximando do bolsonarismo é o do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que ensaia uma aliança com o PL de olho na disputa pela reeleição no ano que vem.
Assim como já aconteceu com Zema, Nunes vem sendo alvo da militância bolsonarista e de críticas públicas do próprio Carlos, que já o acusou de querer “nadar no dinheiro do partido do (ex-)presidente” e de empregar o que chamou de “estratégia ‘usar o Bozo'”, que estaria “sendo desmascarada”.
Na participação no podcast, Carlos também criticou investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), entre elas o Inquérito das Fake News, tratado por ele como “inquérito do fim do mundo”. As apurações são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“Esse inquérito das fake news, o inquérito do fim do mundo, que vai ser prolongado sem chegar a lugar nenhum, sem provar nada. Ficam o tempo inteiro nos acusando sem apresentar prova”, disse.
Durante a entrevista, o vereador pelo Rio de Janeiro ainda reclamou da postura de alguns ministros durante o governo do pai, sem citar nomes. Ele argumentou que esperava uma “exposição maior” de “determinadas pessoas” na gestão, para não sobrecarregar Bolsonaro.
“Ele (Bolsonaro) levou de coração todo um governo nas costas, onde, lamentavelmente, a gente não via alguns ministros do governo se envolverem nas próprias causas que os ministérios tinham que se envolver. E ele entrou em uma de ser o lutador para defender os próprios ministros. Eu acredito que tinha que ser o contrário. Sentia falta de uma exposição maior de determinadas pessoas e não sobrecarregar o tempo inteiro uma pessoa.”