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Carnaval do Rio se rende à música sertaneja ao convidar Zezé di Camargo e Luciano para homenagem de escola de samba

Para a dupla, a homenagem no carnaval carioca é uma glória que lhes parecia inalcançável. (Foto: Reprodução)

Madrugada de terça-feira (20), a quadra da Imperatriz lotada acompanhava a final do concurso do samba de enredo para 2016, quando a escola homenageará, na Avenida, a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Os nomes da festa, claro, estavam presentes como convidados de honra da agremiação.

Ricos e famosos, estrelas máximas da música sertaneja, Zezé di Camargo e Luciano pareciam não acreditar no que viam. Seus olhares lembravam Mirosmar José e Welson David (seus nomes de batismo), dois meninos que nasceram muito pobres em Capela do Rio do Peixe, distrito de Pirenópolis (GO), e ganharam o Brasil cantando o amor “que mexe com a minha cabeça e me deixa assim”.

Para eles, a homenagem no carnaval carioca é uma glória que lhes parecia inalcançável. Populares em cada canto deste país, Zezé di Camargo e Luciano sempre souberam que o Rio era diferente. A cidade do samba, dos cariocas descolados, nunca escondeu uma certa implicância com as duplas sertanejas. Vide as críticas sofridas pela Imperatriz quando anunciou que eles seriam enredo em 2016.

“Não tem show mundial, Rock in Rio, nada parecido”, emocionou-se Luciano. (Foto: Reprodução)

Acostumados a vencer desafios e preconceitos não apenas através da música, mas também pelo jeito simples com que tratam todos ao redor, faltava na carreira de Zezé di Camargo e Luciano o grande dia: uma homenagem na festa mais popular do planeta. “O filme nos colocou em outra dimensão. Mas o carnaval contará, durante 85 minutos, nossa história para 170 países. São bilhões de pessoas sabendo que eu existo. O filme fez muito sucesso, mas nem tanto. Só o carnaval é capaz de fazer isso. Não tem show mundial, Rock in Rio, nada parecido”, emocionou-se Luciano, ao lado do irmão.

Pouco acostumados aos sambas de enredo, Zezé di Camargo e Luciano estavam impressionados com a safra da Imperatriz. Para muitos, a melhor do Carnaval 2016. Na final de ontem, venceu a parceria de Zé Katimba, baluarte da escola. “Sertanejo dá samba. A escola produziu uma safra maravilhosa”, elogiou Luciano, que caiu na folia, diferentemente do irmão. “Eu não sei sambar. Nem preciso. No dia do desfile eu só vou chorar mesmo”, brincou.

A emoção tinha razão de ser. No dia em que saíram de casa e a mãe lhes disse “filho, vem cá” e em seguida: “vá com Deus, que este mundo inteiro é seu”, estava tudo incluído. Menos o Rio. “O Rio é muito mais do que um sonho. Era o último reduto a ser conquistado”, disse Zezé. E a mãe que eles deixaram na porta, chorando a lhes abençoar, hoje sabe que o dever foi cumprido. “Ela está feliz demais da conta”, disseram, com o sotaque sertanejo numa noite inesquecível em suas vidas. (AD)

 

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