Ícone do site Jornal O Sul

Carne e vinho argentinos seguem baratos para os turistas

Ainda há vantagem no gasto em restaurantes e vinhos. (Foto: Reprodução)

A carne e o  vinho argentinos seguem baratos para os turistas. A arquiteta brasileira Thaís Helena Ribeiro, em uma vinoteca na Argentina, comparou os preços e ainda ouviu do vendedor que era melhor que comprasse logo um dos vinhos escolhidos, já que aquele rótulo aumentaria durante a tarde. Ela estava levando oito garrafas de vinho. “Alguns estavam com uma diferença de uns 20% em relação ao Brasil. Outros, 40% mais baratos. Valeu super a pena”, disse.

A vantagem acontece apesar dos aumentos registrados após a posse de Javier Milei em dezembro. Um Angélica Zapata, vinho muito escolhido por brasileiros, passou de 23 mil pesos (o equivalente a R$ 131), no final de novembro, para 32 mil pesos (R$ 140). No Brasil, em importadoras, esse preço pode passar de R$ 400. Já um El Gran Enemigo saltou de 45 mil pesos (R$ 257) para 63 mil (R$ 276). Aqui no Brasil, pode passar dos R$ 700.

“Desde 10 de dezembro, os aumentos dos vinhos são de cerca de 20% a cada 15 dias. Para os argentinos, a situação é difícil. Mas, para os brasileiros que procuram rótulos de alta categoria, continua muito vantajoso, porque não encontram esse tipo de vinho a esses preços em outros países”, disse Diego Ledesma, responsável por uma unidade da rede de vinotecas Frappé no bairro da Recoleta.

Ledesma conta que, em somente uma compra, um brasileiro costuma levar um valor equivalente, em vinhos, ao que dez argentinos adquiririam. E, por enquanto, ele garante que isso não mudou.

Numa viagem de um mês a Buenos Aires, o casal de brasileiros Felipe Morais e Bárbara Bentivoglio sentiu na pele os efeitos da inflação na Argentina. Em um restaurante indicado pelo Guia Michelin, no badalado bairro de Palermo, na quinta-feira, dia 4, a conta chegou 20% mais cara do que eles calcularam com os preços do cardápio virtual, enquanto aguardavam a vez na fila por uma mesa.

Surpresos, o engenheiro de software de 35 anos e a consultora de marketing, de 36, discutiram com os atendentes. Foram informados de que os preços válidos eram os do cardápio físico, e que o virtual acabara de ser atualizado. “Atualizaram o virtual quando estávamos comendo. Não achamos justo pagar mais do que o que tínhamos visto na fila, e por sorte eu tinha gravado uma imagem dos valores dos pratos que vimos no celular um pouco antes”, disse Bárbara.

“No final, deram 20% de desconto, o que fez com que a conta ficasse próxima ao que eu tinha calculado uma hora antes.” O casal acabou pagando 80 mil pesos argentinos (cerca de R$ 410 no dia), em vez dos 100 mil (R$ 520 reais) cobrados inicialmente por dois pratos principais, uma entrada e um drinque.

O episódio no restaurante vivido pelos turistas e testemunhado pela reportagem é uma mostra da alta de preços no país vizinho. A inflação crônica ganhou novos componentes após a posse de Javier Milei, no dia 10 de dezembro, e suas medidas econômicas – como a desvalorização do peso em mais de 50% e o corte de subsídios. Todos os produtos passam por aumentos, e donos de restaurantes estão repassando reajustes de pelo menos 10% a cada semana para os cardápios.

Ainda assim, comparados aos preços no Brasil, os turistas brasileiros ainda encontram vantagens em fazer turismo na Argentina, especialmente no que diz respeito a preços pagos em restaurantes e vinhos.

Sair da versão mobile