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Carro colorido tende a desvalorizar mais? Entenda

Dados apontam que apenas 3,8% dos automóveis vendidos no País são vermelhos. (Foto: Divulgação)

Os dados mais recentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que 43,6% dos automóveis vendidos no País são brancos, 18,4% prata, 16,5% cinza e 11,1% pretos. Apenas 5% dos carros são azuis, 3,8% são vermelhos e 1,6% representa outras cores.

Este não é um fenômeno brasileiro. Segundo um estudo da Basf, fabricante de pinturas automotivas, as cores acromáticas (preto, prata, branco e cinza) representam 81% das vendas de automóveis no mercado mundial. A líder é a cor branca, com 36% de participação. Na América do Sul os números são ainda mais expressivos, com 86% dos automóveis pintados em cores acromáticas.

O mercado de carros seminovos também reflete essa tendência, pois os clientes buscam o mesmo perfil de cor em usados. Segundo dados da Webmotors, as cores preferidas pelos usuários da plataforma são preta (29%), branca (19%), prata (18%) e cinza (15%). Curioso notar que, neste caso, a cor preta passa a liderar a preferência dos clientes.

Portanto, faz sentido imaginar que carros acromáticos tenham melhor desempenho em revenda. “As cores neutras são mais populares e têm uma demanda maior no mercado de revenda, o que faz com que carros nessas cores sejam mais fáceis de vender. Por outro lado, carros coloridos podem ter um público mais específico e, portanto, podem ser mais difíceis de vender, resultando em maior desvalorização”, explica Marcio Silva, head comercial e de dealers da Karvi. Segundo ele, a popularidade das cores de carros pode mudar com as tendências, mas as cores neutras tendem a ser atemporais.

Segundo os dados da empresa Auto Avaliar, que trabalha no mercado de repasse de veículos entre lojistas e avalia mais de 200 mil carros por mês em sua plataforma, um carro “colorido” passa 7,9% menos tempo no estoque das lojas de seminovos se comparado a um carro acromático. São 46 dias e 50 dias respectivamente.

Também segundo a Auto Avaliar, o tíquete médio é 7% maior na hora de vender um carro “colorido” ao cliente final. O que mostra que esse consumidor está disposto a pagar um pouco mais para levar uma cor fora do comum preto, prata, branco e cinza.

Porém, na hora da valorização os números confirmam a crença popular. Enquanto carros usados acromáticos se valorizaram 4,9% nos últimos seis meses, carros “coloridos” subiram 4,5%, segundo dados da Auto Avaliar. Portanto, quem tinha carros “coloridos” na garagem teve menos valorização nesses 180 dias.

“Quanto mais antigo o carro usado, menos a cor importa. Porque nesse caso o cliente está atrás de uma oportunidade”, explica J.R. Caporal, CEO da Auto Avaliar. Segundo o executivo, o mercado brasileiro pode ter novas tendências de cores com a chegada das novas marcas. “As fabricantes chinesas estão chegando ao Brasil e elas precisam de novidades. Por isso podemos ver novas cores em lançamentos, o que pode estimular outras marcas a serem mais ousadas”, prevê Caporal.

O relatório da Basf aponta que América do Sul historicamente tem uma abordagem conservadora na hora de escolher as cores dos carros. Com esse cenário, mais montadoras estão buscando efeitos nas cores acromáticas para ganhar destaque. “Cores já não são só cores. São uma experiência. Seja com o acabamento perolizado, outro pigmento adicionado ou ‘metal flake’, os efeitos fazem a cor saltar aos olhos de quem observa. Isso dá um certo estilo que está ficando mais popular”, explica Marcos Fernandes, diretor de pinturas da empresa.

A conclusão é que carros acromáticos são os preferidos do mercado brasileiro, mas não significa que um carro “colorido” vai encalhar. Claro, estamos falando de cores dentro da paleta considerada comum (vermelho, verde e azul). Um carro verde-limão ou amarelo, por exemplo, já tem apelo com outro tipo de consumidor. Nesse caso é preciso esperar um cliente específico, fã dessa cor exótica.

Se o seminovo está em bom estado de conservação, é possível barganhar com o lojista na revenda ou esperar pelo comprador certo sem medo de ficar para trás. “No mercado de usados, o estado do veículo conta para a decisão da compra, podendo ser um forte aliado na escolha de uma cor fora do comum”, lembra Marcio Silva da Karvi. As informações são do site Auto Esporte.

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