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Variedades Casamento com Richard Gere, vídeo com George Michael, negócios milionários: como Cindy Crawford virou uma máquina de fazer sucesso e dinheiro

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Cindy Crawford em Los Angeles: carreira bem-sucedida ao aliar beleza, carisma e inteligência. (Foto: Amy Harrity/The New York Times)

Quando Cindy Crawford entrou em um dos salões do Hotel Santa Monica Proper em uma manhã no início de junho, passou imediatamente uma imagem: confortável, profissional, direta. Sem artifícios. Sem comitiva. Apenas sua assessora de imprensa de longa data, Annett Wolf, que fez uma breve apresentação e desapareceu, deixando Crawford à frente de uma mesa com uma exposição dos produtos da Meaningful Beauty, sua linha de cuidados com a pele e os cabelos, marca de US$ 400 milhões que ela lançou há 20 anos.

“Por onde você quer começar? Como fica mais orgânico?”, perguntou.

Moradora de Malibu, onde vive há 27 anos com o marido, o mestre da vida noturna e da tequila Rande Gerber, ela exalava a naturalidade californiana. Seu rosto é literalmente familiar, tendo sido fotografado e filmado milhares de vezes ao longo de sua carreira de mais de 35 anos como uma das modelos mais bem-sucedidas do mundo.

O que pareceu mais orgânico foi começar com seus negócios. Mais do que a verruga acima do lábio, mais do que os olhos e cabelos castanhos e o físico saudável, o interesse de Crawford em transcender a carreira de modelo para se tornar uma marca — décadas antes de a marca pessoal ser um caminho de carreira — foi o que a distinguiu de suas colegas.

Modelo de empreendedorismo entre as aspirantes a supermodelos, Crawford inventou a cartilha moderna pela qual a atual geração de pessoas profissionalmente bonitas — incluindo Gigi e Bella Hadid; Hailey Bieber; a própria filha de Crawford, Kaia Gerber; e a maior parte da família Kardashian-Jenner — se mantém. Parcerias e propriedade de marcas, produtos, campanhas, acordos em várias formas de mídia — tudo centrado em si mesma:

“Eu não conhecia ninguém cuja carreira considerasse um exemplo para mim. Simplesmente decidi ir experimentando coisas diferentes ao longo do caminho.”

“Cindy, Ltda. Mais do que apenas uma top model de US$ 7 milhões por ano”: essa era a manchete da capa de um perfil da “Vanity Fair” de 1994 que tentava mostrar o novo toque de Midas de Crawford como modelo capaz de comandar mercados, grupos demográficos, e produtos que variavam da “Vogue” à “Playboy”, da MTV à Kay Jewelers. Na época, Crawford tinha 28 anos, era casada com Richard Gere, de quem se divorciou no ano seguinte, e um perfeito exemplar de juventude e beleza excepcional.

Dois dos temas do perfil foram a felicidade de Crawford e a questão de saber se ela encontraria o “motor” para impulsionar suas ambições. Muito foi dito sobre seu óbvio apelo físico, mas a matéria também abordou o fato de que Crawford possuía algo mais — um pragmatismo, uma falta de pretensão e de esnobismo, senso de humor e autoconsciência — que a capacitava para a grandeza.

Fina estampa

Trinta anos depois, Crawford acabou se tornando a condutora da própria carreira, um exemplo raro de longevidade, envelhecimento elegante e habilidade nos negócios em um mundo superficial, famoso por descartar as mulheres assim que qualquer indício da meia-idade entra em cena.

Crawford já foi o rosto de muitas marcas; talvez a mais famosa tenha sido a Pepsi. Seu anúncio de grande sucesso no Super Bowl de 1992 é uma lenda da publicidade.

Ela trabalha com relógios Omega há 29 anos. Tinha um megacontrato de 15 anos com a Revlon, que terminou quando estava com 35 anos, momento em que começou a desenvolver a Meaningful Beauty. É o maior negócio de Crawford, a primeira participação acionária de sua carreira, uma parceria 50-50 com Guthy-Renker, a empresa de marketing por assinatura direta ao consumidor.

Crawford nunca se apegou ao mundo rarefeito da moda. Em uma carreira que não foi marcada por escândalos, uma de suas atitudes mais controversas foi sair na “Playboy” em 1988, fotografada com bom gosto pelo fotógrafo de alta-costura Herb Ritts. Excepcionalmente perspicaz para seus 22 anos, Crawford acreditava que a sessão de fotos para a “Playboy” aumentaria seu público, atraindo homens heterossexuais, em oposição aos fãs de moda de luxo, que são principalmente mulheres. A visão ampla com a qual encarou a oportunidade se aplicou a muitas de suas decisões comerciais.

Criada em uma família da classe trabalhadora em DeKalb, no Illinois, Crawford nunca perdeu o contato com suas raízes, mesmo no auge do glamour dos anos 90, quando estrelou o vídeo “Freedom! ’90”, de George Michael, e fazia parte do círculo íntimo de Gianni Versace.

Beleza e inteligência

Crawford sempre conjugou beleza e inteligência. No fim da década de 1980, antes que as palavras “top” e “model” fossem usadas juntas para identificar o grupo de modelos que incluía Crawford, Christy Turlington, Naomi Campbell, Linda Evangelista e várias outras, Crawford era conhecida como a garota de uma pequena cidade do Centro-Oeste americano que foi uma das oradoras da turma do ensino médio e que frequentou a Universidade Northwestern com uma bolsa de estudos, antes de largar a faculdade para se dedicar à carreira de modelo.

No ano passado, Crawford, Turlington, Evangelista e Campbell apareceram juntas diante das câmeras pela primeira vez em anos, para a série da Apple TV+ “As Supermodelos”. Foi uma retrospectiva de quatro episódios, passando pelos momentos mais importantes das top models, os altos, os baixos, a subestimação, o envelhecimento. Campbell e Crawford promoveram a reunião do quarteto para a série, que vinha sendo planejada havia oito anos.

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