Uma apuração interna da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) concluiu que houve “delitos e graves desvios de conduta” durante a gestão do general Mauro Lourena Cid – pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid – no escritório de representação em Miami
Em nota enviada à imprensa nesta sexta-feira (12), a agência informou que enviou o caso à Justiça. A apuração tem relação com negociações de joias e presentes de Estado em solo americano – inquérito no qual Bolsonaro e ex-assessores, incluindo Lourena, são investigados. Segundo a Apex, o pai de Mauro Cid usou da estrutura do escritório da Apex em Miami indevidamente.
O documento cita também “afastamento das funções” e “defesa de pautas golpistas” por parte de Lourena à frente do escritório. Ele foi gerente-geral da unidade entre 2019 a 2022.
A Agência cita que “o general, que segundo as investigações da PF atuou como suporte do filho, coronel Mauro Barbosa Cid, e do ex- presidente Jair Bolsonaro na negociação desses bens, utilizou a estrutura do EA [escritório] para atividades não relacionadas à função de general manager (GM). Isso ocorreu antes e depois de sua demissão do cargo, em 3 de janeiro de 2023”.
A Apex diz também que, mesmo demitido, ainda nas dependências da empresa, Lourena usou o celular funcional para compartilhar fotos das joias e objetos de arte do acervo atribuído ao ex-presidente.
Segundo depoimentos colhidos, nesse momento, o pai de Mauro Cid se encontrava no gabinete que ocupara como gerente-geral. As fotos, amplamente conhecidas, foram produzidas também pelo mesmo celular corporativo.
A apuração diz ainda que ficou demonstrada, com base nos mesmos relatos, a resistência do general em devolver à ApexBrasil o celular e o computador funcional. O documento ressalta que os dados foram apagados de forma irregular.
“Em ambos os casos, foi contrariado o procedimento padrão de devolução e apagamento dos dados de equipamentos da ApexBrasil, que devem ter sua integridade atestada e seus dados apagados por uma empresa prestadora de serviços de tecnologia contratada da agência”, escreveu a Apex.
“Seu passaporte oficial com visto de trabalho vinculado à ApexBrasil jamais foi devolvido. Os depoimentos também informam que o general continuou frequentando a sede do escritório nas semanas seguintes à sua demissão”, completou a agência.