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Política Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes

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Em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro junto do motorista, Anderson Pedro Gomes.

Foto: Tomáz Silva/Agência Brasil
Em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro junto do motorista, Anderson Pedro Gomes. (Foto: Reprodução)

Após seis anos e meio da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos tiveram suas penas definidas nesta quinta-feira (31). Ronnie Lessa pega 78 anos e 9 meses e 30 dias. Já Élcio, 59 anos e 8 meses e 10 dias. Eles também são condenados a pagar pensão para filho de Anderson e R$ 706 mil reais de indenização para cada um dos parentes de Marielle e Anderson. Lessa foi quem matou Marielle. Queiroz dirigia o automóvel onde ambos estavam.

O júri do caso (Conselho de Sentença) foi formado por 21 pessoas comuns, das quais sete foram sorteadas na hora. O Ministério Público, que queria 84 anos de prisão para os dois, afirmou que vai recorrer.

“A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega. A Justiça chega para aqueles que como os acusados acham que jamais serão atingidos pela Justiça”, disse a juíza Lúcia Glioche na leitura da sentença.

Diante do anúncio das sentenças, as famílias das vítimas caíram em lágrimas no tribunal. Os pai (Marinete e Antônio), a irmã (Anielle Franco) e a filha de Marielle (Luyara), e as viúvas dela (Mônica Benício) e de Anderson (Ágatha Reis) se abraçaram e aplaudiram, muito emocionados.

Ronnie e Élcio foram enquadrados nos seguintes crimes:

– duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima);
– tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle;
– receptação do Cobalt prata, clonado, que foi usado no crime.

Além da prisão, Lessa e Élcio terão que pagar:

– uma pensão, até os 24 anos, para Arthur, filho de Anderson,;
– R$ 706 mil de indenização por dano moral para cada uma das vítimas — Arthur, Ághata, Luyara, Mônica e Marinete. As indenizações somam R$ 3.530.000 para os dois dividirem custas do processo e mantenho a prisão preventiva deles, negando o direito de recorrer em liberdade.

O crime
Em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30. Além da vereadora, que levou quatro tiros na cabeça, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Fernanda Chaves estava no banco de trás e foi atingida por estilhaços.

Lessa e Queiroz estavam em Cobalt prata e seguiram Marielle desde a Casa das Pretas, na Lapa, onde ela participara de um evento em uma distância de cerca de 4 quilômetros. A dupla emparelhou ao lado do veículo onde estava a vereadora e disparou, fugindo sem levar nada.

Marielle foi atingida por quatro tiros, sendo três na cabeça e um no pescoço, enquanto, Anderson levou três tiros nas costas. Fernanda Chaves sobreviveu, sendo atingida apenas por estilhaços. A dupla foi presa dois dias antes de o crime completar 1 ano, em 12 de março de 2019. Os dois estavam saindo de suas casas quando foram presos. Eles não resistiram à prisão e nada disseram aos policiais.

Ronnie estava em sua casa no condomínio Vivendas da Barra, na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca – o mesmo onde o ex-presidente Jair Bolsonaro tem residência. Élcio morava na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.

Quem é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa é um ex-policial militar com atuação no 9º Batalhão (Rocha Miranda). Como PM, destacou-se por seu envolvimento em operações de repressão ao tráfico de drogas e foi conhecido por ser um bom atirador. No início dos anos 2000, Lessa foi cedido à Polícia Civil onde atuou na equipe da extinta Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos (Drae).

Lessa foi afastado da Polícia Militar em 2009, após sofrer um atentado a bomba que lhe causou sérias lesões nas pernas – o que levantou hipóteses sobre disputas internas ou represálias dentro do mundo do crime organizado.

Segundo a polícia, Lessa se envolveu com atividades ilegais, como extorsão, e com milícias que atuam na Zona Oeste do Rio. Mais tarde, segundo a Polícia Federal, foi integrante de um grupo de matadores – fato que ele sempre negou. O único homicídio que Lessa admite ter cometido por dinheiro foi a execução de Marielle Franco.

Lessa ainda responde a outro processo por homicídio: o assassinato do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, em junho de 2014, na Gardênia Azul, na Zona Oeste da cidade.

Quem é Élcio Queiroz?
Élcio Vieira de Queiroz também é um ex-policial militar do Rio, expulso da corporação em 2015 devido ao envolvimento com atividades ilegais, como segurança clandestina em uma casa de jogos. Também tinha histórico de participação em milícias e havia sido alvo da Operação Guilhotina, que investigava corrupção e desvio de armas dentro das forças de segurança do estado.

Sua trajetória na PM incluiu ainda envolvimentos esporádicos em serviços de segurança e uma longa ligação com Ronnie Lessa, seu parceiro no crime que viria a executar Marielle Franco e Anderson Gomes​.

 

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