Fabrício Queiroz é ex-assessor e ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL). Ele movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada “atípica”, segundo relatório do Coaf (Conselho de Atividades Financeiras). O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) abriu procedimento investigatório criminal para apurar o caso, suspenso por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 17 de janeiro. Quem pediu a suspensão das investigações foi Flávio Bolsonaro.
Investigações
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O documento revelou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
Quem é quem
Fabrício Queiroz: policial militar aposentado, foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado.
Flávio Bolsonaro: deputado estadual e senador eleito pelo PSL-RJ. Filho do presidente Jair Bolsonaro.
Nathalia Queiroz: filha de Fabrício Queiroz, a personal trainer também assessorou Flávio Bolsonaro (de 2007 a 2016). Trabalhou também no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro.
Década de 1980: Amizade de Queiroz e Bolsonaro
Fabrício Queiroz e Jair Bolsonaro se tornam amigos nos anos 1980. Os dois podem ser vistos juntos em momentos de lazer em algumas imagens publicadas em redes sociais, que mostram Queiroz pescando com Bolsonaro.
A amizade antiga chegou a ser citada pelo atual presidente durante uma coletiva de imprensa em um evento da Marinha.
Anos 2000: segurança e motorista de Flávio
Durante os anos 2000, Fabrício trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente. Queiroz recebia da Assembleia Legislativa do Rio um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Ele foi exonerado do gabinete de Flávio na Alerj em outubro de 2018.
Nathalia Mello de Queiroz, filha de Queiroz de 29 anos, também foi funcionária de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2016. Menos de uma semana depois de ser exonerada, em dezembro de 2016, foi nomeada para o cargo de secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Além de Nathalia, a mulher de Fabrício, Márcia Oliveira de Aguiar, e outra filha dele, Evelyn Mello de Queiroz, trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Márcia aparece na folha de pagamento da Alerj de agosto de 2017 como consultora parlamentar e salário de R$ 9,2 mil. Evelyn foi nomeada em dezembro de 2016 como assessora parlamentar, na vaga da irmã Nathalia. Na última folha de pagamento, o salário dela é de R$ 7,5 mil.
2016 e 2017: movimentações suspeitas
Ex-assessor e ex-motorista de Flávio Bolsonaro movimentou em uma conta o total de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017. Durante esse período, Queiroz fez saques em espécie no total de R$ 324.774, e teve R$ 41.930 em cheques compensados.
Na época, um dos favorecidos foi a ex-secretária parlamentar, atual mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro, Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, que recebeu cheque no valor de R$ 24 mil.
Dezembro de 2018: relatório do Coaf
No fim de 2018, foi divulgado relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. O caso Queiroz veio à tona com a Operação Lava-Jato no RJ.
19 e 21 de dezembro: ausência em audiências
Na tarde de 19 de dezembro, Queiroz era aguardado para prestar depoimento no Ministério Público. Foi a primeira vez em que ele não compareceu ao órgão. Dois dias depois, voltaria a deixar os promotores esperando.
26 de dezembro: primeira entrevista de Queiroz
No dia 26 de dezembro, Queiroz deu uma entrevista ao SBT. Foi a primeira vez que ele falou ao público.
Janeiro 2019: internação
Nos primeiros nove dias do ano, Queiroz esteve internado no Hospital Albert Einstein.
12 de janeiro: dança em vídeo
No dia 12 de janeiro, um vídeo que mostrava Queiroz dançando no Hospital Albert Einstein, enquanto tomava soro, tornou-se viral nas redes sociais.
10 de janeiro: Flávio não comparece ao MP
14 de janeiro: apresentação de denúncia
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse que não precisa ouvir os depoimentos do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor para apresentar uma denúncia no caso das movimentações financeiras suspeitas.
17 de janeiro: suspensão da investigação
O ministro Luiz Fux, do STF, mandou suspender provisoriamente o procedimento investigatório a pedido de Flávio Bolsonaro.