Pessoas infectadas com a delta, variante mais transmissível do novo coronavírus, apresentaram carga viral 300 vezes maior se comparado com os indivíduos infectados com a versão original do vírus nos primeiros dias dos sintomas da covid-19, revelou um estudo da Coreia do Sul.
O valor da carga viral, entretanto, diminui gradualmente com o tempo – chegando a ser 30 vezes maior depois de quatro dias da infecção e pouco mais de 10 vezes após nove dias – se igualando aos níveis vistos em outras variantes depois de 10 dias, informou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KDCA) nesta terça-feira (24).
A carga mais elevada significa que o vírus se dissemina muito mais facilmente de pessoa para pessoa, aumentando as infecções e hospitalizações, disse Lee Sang-won, uma autoridade do Ministério da Saúde, em uma coletiva de imprensa.
“Mas isto não significa que a delta é 300 vezes mais infecciosa… achamos que sua taxa de transmissão é 1,6 vez a da variante alpha, e cerca de duas vezes a da versão original do vírus”, disse Lee.
A variante delta do novo coronavírus foi identificada primeiramente na Índia, e a alpha no Reino Unido.
Para evitar a disseminação da variante delta, agora a linhagem predominante em todo o mundo, a KDCA pediu às pessoas que façam exames imediatamente quando desenvolverem sintomas da covid-19 e que evitem encontros pessoais.
A proliferação rápida da delta e as taxas baixas de vacinação pegam grande parte da Ásia de guarda baixa, especialmente em mercados emergentes, enquanto as economias da Europa e da América do Norte se reativam.
Sintomas
A variante delta não apresenta os sintomas clássicos do coronavírus, mas se parece mais com um gripe forte, afirma um estudo do King’s College London.
Pela análise de mais de 4 milhões de pessoas, os principais sintomas relatados foram dor de cabeça, seguidos de coriza, dor de garganta e febre. Sintomas clássicos da infecção por covid-19 como tosse e a perda de olfato deixaram de ser regra, sendo que o último não apareceu nem mesmo entre os 10 sintomas mais comuns, descreveu o professor de Epidemiologia Genética da King’s College, Tim Spector, autor do estudo.
As constatações indicam que os sintomas podem ter relação direta com a infecção pela variante originária da Índia, que hoje é a prevalente no Reino Unido. Segundo o secretário de Estado de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, a variante delta é responsável por 91% dos casos no país.
Segundo o estudo, os dados mostram que a maioria dos casos de covid-19 na região ocorre entre jovens que ainda não foram vacinados e que estão mais suscetíveis a ter contato com a variante que parece ser muito mais transmissível, com cada pessoa infectada passando o vírus para outras seis.
Para o professor, a semelhança com sintomas gripais pode fazer as pessoas não tomarem as medidas de prevenção necessárias, e espalhar o vírus mais facilmente.
“Isso significa que as pessoas podem pensar que estão com algum tipo de resfriado sazonal e ainda vão a festas e podem espalhar para outras seis pessoas; achamos que isso está alimentando muito o problema”, afirmou.
Apesar das evidências, os sintomas clássicos ainda precisam ser considerados, conclui o estudo. “Qualquer pessoa que sinta os sintomas principais – uma temperatura alta, uma nova tosse contínua ou perda ou alteração do olfato ou do paladar – deve fazer um teste de PCR o mais rápido possível e imediatamente se isolar com sua família.”