O aumento da transmissão da variante ômicron gerou um “forte impacto no sistema de saúde” no início de 2022, de acordo com análise do MonitoraCovid-19, painel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que acompanha o desenvolvimento da pandemia.
“A variante ômicron do vírus Sars-Cov-2 foi responsável por um forte impacto nos serviços de saúde neste início de ano, gerando um risco de desassistência à população no que se refere a atendimentos de urgência, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI)”, informou a fundação.
Segundo com o MonitoraCovid-19, quase todos os estados do país apresentaram “picos de internação semelhantes aos provocados pelas primeiras cepas do novo coronavírus, em 2020”. Além disso, os pesquisadores alertam para uma falta de acesso nos dados devido ao apagão da base do Ministério Saúde.
“Nós observamos os casos de pacientes hospitalizados. A maior parte dos leitos de UTI estavam ocupadas durante o mês de janeiro, e, em muitos casos, houve um excedente de óbitos ocorridas fora das UTIs, ou seja, em alas comuns de internação. Isso significa que uma parte da população não teve acesso a essa forma de terapia intensiva”, disse o pesquisador Diego Xavier, do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz.
A análise concluiu que a desassistência à população ocorreu de forma mais elevada no Acre, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
Ocupação de leitos
A taxa de ocupação de leitos de UTI de covid-19 para adultos apresentou uma melhora inédita este ano, disse a Fiocruz, em comunicado divulgado nessa terça-feira (15). Os dados são do dia 14 de fevereiro.
De acordo com a fundação, das noves unidades da federação que se encontravam na zona crítica (com taxas iguais ou superiores a 80%) na semana anterior, somente quatro permaneceram – Rio Grande do Norte, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Tocantins, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás passaram para a zona de alerta intermediário (taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%).
Além disso, Amapá e Ceará saíram da zona de alerta intermediário.
De acordo com a Fiocruz, embora algumas taxas de ocupação de leitos ainda estejam muito elevadas, o enfraquecimento da explosão de casos associados à ômicron já é perceptível. Para a instituição, os avanços na campanha de vacinação por todo país foram fundamentais para impedir números ainda maiores agora.
“É um alento a percepção de que o arrefecimento da grande onda de casos provocada pela Ômicron, sentida em dados epidemiológicos, está começando a se refletir na diminuição da ocupação de leitos de UTI. O seguimento das taxas nas próximas semanas deve propiciar uma visão mais conclusiva”, diz a nota técnica.