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Por Redação O Sul | 24 de julho de 2020
Segundo uma nova pesquisa, um a cada 10 brasileiros nunca consultou um especialista na saúde dos olhos e dois quintos da população desconhece a segunda principal causa de cegueira no mundo: o glaucoma.
O glaucoma é uma doença ocular que causa a perda das células da retina, fazendo com que o paciente tenha dificuldade para enxergar. Os principais fatores de risco são pressão alta no olho e histórico familiar, sendo mais comum entre afrodescendentes. Quando avançada, a doença causa cegueira irreversível — por isso a importância do acompanhamento médico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda maior causa de perda de visão do mundo, ficando atrás apenas da catarata. No entanto, poucas pessoas sabem dos perigos da enfermidade. É o que mostra a nova pesquisa da Upjohn, divisão da farmacêutica Pfizer focada em doenças crônicas não transmissíveis, em parceria com o Ibope Inteligência.
Para entender a percepção dos brasileiros sobre essa condição, foram entrevistados 2,7 mil internautas com mais de 18 anos e de diferentes regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Pernambuco.
O levantamento mostrou que 41% dos respondentes não sabem o que é glaucoma e 53% desconhecem que ele causa cegueira irreversível. “Confirmar o quanto existe de desinformação sobre o tema é muito preocupante”, afirma Luiz Fernando Vieira, gerente médico da Upjohn, à imprensa. “Isso impede o diagnóstico precoce, que pode salvar a visão de muitos”. Como ressaltam os médicos, o tratamento — que consiste em uso regular de colírios ou cirurgia — não recupera a vista perdida, apenas evita sua progressão.
Falta de cuidados
Quando perguntados sobre a frequência em que vão ao oftalmologista, 10% dos entrevistados assumiram que nunca foram e 25% disseram que vão raramente, apenas quando sentem algum incômodo nos olhos. O destaque vai para os jovens: 21% dos que tem entre 18 e 24 anos nunca consultaram um especialista.
A importância de cuidar regularmente da saúde dos olhos parecem mesmo ser pouco desconhecida por boa parte da população. Apesar de 53% dos entrevistados assumirem que ficariam abalados ao perder a visão por receio de perder a autonomia e ter que depender de outras pessoas, 30% acreditam que devem procurar o oftalmologista somente depois que começam a usar óculos e 23% após perceberem alguma falta de visão.
A profilaxia correta, porém, consiste em visitas anuais ao médico, já que a doença não mostra sinais nos primeiros estágios. “As fases dos tipos de glaucoma – aberto ou fechado – são muitas vezes assintomáticas e os pacientes geralmente buscam o tratamento em um período bastante tardio”, explica Augusto Paranhos Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).
O principal exame para detectar e prevenir traços da doença é a medida da pressão intraocular, mas, segundo o estudo, 52% desconhecem se já mediram, não sabiam que ele existia ou se o oftalmologista já realizou o procedimento. Esse dado sobe para 58% no Rio Grande do Sul e 60% entre a classe C, sendo que mais de 90% das pessoas com deficiência visual no mundo vivem em países pobres ou em desenvolvimento.
Especialistas ainda alertam que o estresse pode aumentar a pressão intraocular e, em tempos de pandemia, ficamos ainda mais ansiosos em razão das mudanças na rotina e do medo do novo coronavírus. Por isso, sugerem, praticar exercícios físicos e até mesmo meditação podem ser medidas eficazes para aliviar as tensões e, consequentemente, cuidar dos olhos.