João de Deus, que está preso por suspeita de abusos sexuais e posse ilegal de arma de fogo, não terá uma ceia especial neste Natal. Segundo a DGAP (Diretoria-Geral de Administração Penitenciária), ele jantará “o de sempre” com outros quatro detentos do Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia (GO). O médium nega as acusações.
A DGAP informou ainda que o cardápio é composto de “arroz, feijão, salada, carne e sobremesa”. Não foi informada qual carne será servida e a sobremesa deve ser “uma fruta ou doce”. De acordo com a diretoria, os horários também não serão alterados. As refeições serão servidas, como de costume, às 7h, 11h e 18h.
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele tem dois mandados de prisão: um por suspeita de abusos sexuais contra mulheres e outro por posse ilegal de arma de fogo, que foram descobertas na casa dele, junto com R$ 1,6 milhão, medicamentos e pedras preciosas.
Segundo a Polícia Civil, os armamentos não têm registro e um deles está com a numeração raspada. Além disso, João de Deus não tem permissão para posse de arma. A defesa do médium, que sempre negou as acusações de crimes sexuais, criticou a decretação das buscas e prisão por posse ilegal de arma.
O médium já prestou depoimento à Polícia Civil de Goiás, mas deve ser ouvido novamente pela própria corporação e pelo MP-GO (Ministério Público do Estado de Goiás). O órgão pretende realizar o interrogatório do médium nesta semana e, em seguida, denunciá-lo.
João de Deus foi indiciado por violência sexual mediante fraude no primeiro inquérito fechado pela Polícia Civil. O documento se baseia no relato de uma mulher de 39 anos que denunciou um abuso cometido por João de Deus contra ela no dia 24 de outubro, quando procurou atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.
Além desse caso, os promotores pretendem juntar mais três para oferecer a primeira denúncia contra o médium: um caso de estupro de vulnerável e outros dois de violação sexual mediante fraude. Essas três vítimas, conforme o MP-GO, foram ouvidas pelo órgão e relataram abusos ocorridos ainda este ano.
De acordo com um levantamento do MP-GO, mais de 250 mulheres denunciaram, por e-mail, os abusos, após procurarem atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. Esse grupo compreende pessoas de 9 a 67 anos. Do total, os promotores creem que 112 crimes prescreveram.
O promotor Thiago Galindo avaliou que João de Deus se aproveitava da situação das vítimas para se impor sobre elas e cometer os abusos sem ser denunciado. “O investigado usava da fragilidade das vítimas. Ele usava disso somada à irreverência da pessoa dele e isso nulificava a possibilidade de resistência”, comentou.