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Mundo Celebridades como Beyoncé e Taylor Swift tiram ou rendem votos em campanhas? Especialistas respondem

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Beyoncé apoiou a candidata Kamala Harris, mas não foi o suficiente para a vitória da democrata. (Foto: Reprodução)

No meio das eleições presidenciais de 2022, Caetano Veloso gravou um vídeo citando o velho líder trabalhista Leonel Brizola: “Brizola dizia que artista não dá voto, mas tira, então…” O objetivo do tropicalista era convencer os eleitores de Ciro Gomes, do PDT, mesmo partido de Brizola, a votarem no petista Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno. Não dá para saber se Caetano conseguiu tirar votos de Ciro, mas as últimas eleições, tanto para a presidência dos Estados Unidos quanto para as prefeituras e câmaras de vereadores brasileiras, parecem indicar que Brizola tinha razão: artista não dá voto.

Guilherme Boulos que o diga. Na corrida pela Prefeitura de São Paulo, o deputado federal do PSOL ostentou o apoio de artistas como Chico Buarque, Emicida e Malu Mader — e foi derrotado pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Reeleito no primeiro turno com o voto de Fernanda Montenegro, Anitta e Tico Santa Cruz, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), pode ser considerado uma das exceções que confirmam as palavras que Caetano atribuiu a Brizola.

Elite de Hollywood

Segundo uma pesquisa da YouGov realizada em agosto, 87% dos americanos jamais escolheram um candidato motivados pelo endosso de uma celebridade. Não à toa, o republicano Donald Trump, que não perde uma oportunidade de achincalhar a “elite liberal de Hollywood”, venceu a democrata Kamala Harris, que contou com o apoio de um exército de famosos: das cantoras Taylor Swift e Beyoncé aos atores George Clooney e Harrison Ford.

Professora de Ciência política e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) da UFRJ, Mayra Goulart afirma que é preciso cautela ao analisar o desempenho decepcionante de candidatos apoiados por artistas. Não é que o endosso de uma celebridade não tenha efeito nenhum, diz ela. É que hoje, graças às mudanças na esfera pública provocadas pela internet, o mercado de formadores de opinião é muito mais concorrido.

Professor da PUC-Rio e diretor de metodologia do Instituto Democracia em Xeque, Marcelo Alves aponta que mesmo artistas cujo público se espalha pelo espectro ideológico penam para transformar seu capital midiático em votos para seus candidatos. Já youtubers e influenciadores que falam para nichos específicos têm sido mais bem-sucedidos em convencer eleitores.

O marqueteiro Pedro Simões afirma que o grande desafio dos políticos é se conectar com o povo, convencê-lo de que são capazes de resolver os problemas que eles enfrentam no dia a dia. E o apoio das celebridades conta tão pouco justamente porque elas não passam pelas mesmas dificuldades que as pessoas comuns e dependem menos de serviços públicos. Abusar de cabos eleitorais famosos poderia então, na verdade, afastar ainda mais os políticos da população, que não vê suas prioridades encampadas pelos candidatos.

Causas se beneficiam

Os pesquisadores consultados concordam que candidatos ao Legislativo se beneficiam mais do endosso de famosos, pois é possível se eleger vereador ou deputado com menos votos e representando apenas parte da sociedade. Nesses casos, basta escalar uma celebridade que o público associe à mesma causa defendida pelo candidato. Aliás, o apoio de artistas tem se mostrado mais efetivo para promover causas do que políticos.

Segundo a YouGov, apenas 8% dos eleitores cogitaram votar em Kamala Harris após o apoio de Taylor Swift (outros 20% disseram menos propensos a votar na democrata). A estrela pop também compartilhou um link pedindo ao público para se registrar para votar e, nas 24 horas seguintes, o site do governo teve mais de 400 mil acessos. Em 2022, artistas como Anitta, Luiza Sonza e até o ator hollywoodiano Mark Ruffalo se engajaram numa campanha para incentivar os jovens brasileiros a tirarem o título de eleitor. Naquelas eleições, o país ganhou mais de dois milhões de votantes entre 16 e 18 anos.

Para o marqueteiro Pedro Simões, há um erro ainda maior do que acreditar que artista dá voto: supor a existência de uma fórmula infalível para conquistar o eleitor. Ainda que o desempenho de candidatos apoiados por famosos costume ser decepcionante, eventualmente pode funcionar. Um estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, detectou que a apresentadora Oprah Winfrey rendeu cerca de um milhão de votos para Barack Obama em 2008. As informações são do jornal O Globo.

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