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Celulares, computador e tablet de anestesista preso no Rio por suspeita de estupro vão passar por perícia para buscar “conteúdo pornográfico”

Anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrilo foi preso na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)

Três celulares, um notebook e um tablet apreendidos pela Polícia Civil na segunda-feira, na casa do anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrilo, na Barra da Tijuca, foram encaminhados para perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). O objetivo, segundo pedido feito pela Delegacia da Criança e Adolescente Vìtima (Dcav), responsável pelas investigações, é a “extração de dados de pornografia”. O médico foi preso temporariamente por suspeita de estuprar duas pacientes e filmar os abusos.

Andres ainda é investigado pela Dcav pelo armazenamento de pornografia infantil. As investigações tiveram início após a Polícia Federal ter encaminhado à Polícia Civil dados extraídos da “nuvem” – ambiente virtual de armazenamento de dados – de Andres em outro inquérito. A partir de então, a Dcav iniciou a análise das mídias e encontrou os vídeos das pacientes estupradas, além de conteúdo pornográfico infantil. A polícia apura ainda se o anestesista aliciou menores para enviarem a ele fotos e vídeos. De acordo com o delegado titular da especializada, Luiz Henrique Marques Pereira, o médico mantinha arquivadas mais de 20 mil imagens de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes. A análise do material chamou atenção pela gravidade e quantidade de arquivos, que incluíam até bebês com menos de 1 ano. Agora, será feita nova análise nos equipamentos apreendidos na segunda-feira.

“É um arquivo extremamente violento, em grande quantidade. Podiam ser vistos bebês de colo, de menos de 1 ano, sendo abusados sexualmente, sendo obrigado a participar de sexo com adultos. Algo que chocou até mesmo agentes mais experientes”, explicou o delegado titular da Dcav. “Pesquisando esses conteúdos, foram encontrados dois vídeos em que esse suspeito ainda estuprou duas pacientes durante o procedimento de anestesia pré-cirúrgico. No decorrer das investigações, a polícia espera encontrar outras vítimas.”

Em depoimento à especializada, Andres negou que tenha abusado de crianças, mas afirmou que se satisfaz “vendo imagens e vídeos tanto de meninas quanto de meninos”.

Nesta terça-feira (17), a juíza Mariana de Tavares Shu manteve a prisão do médico anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo, durante a audiência de custódia.

Relembre o caso

As evidências de crimes cometidos por Andres contra as duas mulheres, ambas na mesa de cirurgia e aparentemente desacordadas, foram gravadas por celular e estavam armazenadas na “nuvem” do médico. Uma das vítimas foi operada no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, em dezembro de 2020. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021. Em nota, o órgão informou que “já solicitou à direção da unidade hospitalar todos os dados e prontuários do período em que o médico trabalhou como prestador de serviço e vai instaurar uma sindicância para apurar as devidas responsabilidades”.

A segunda vítima foi uma paciente do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Fundão, Ilha do Governador. Ela estava internada para retirar o útero, em fevereiro de 2021, e se reconheceu nas imagens, e lembra que estranhou ficar muito tempo desacordada após o procedimento, cerca de duas horas a mais que sua irmã, que havia feito a mesma cirurgia.

Em nota, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho disse que Andres “ingressou em um curso técnico-prático (semelhante a uma especialização) em março de 2018 e concluiu em fevereiro de 2021” e que o curso realizado “resulta em um certificado que permite a ele participar de cirurgias e/ou procedimentos sempre com a supervisão de um profissional responsável”. As informações são do jornal O Globo.

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