Domingo, 15 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2024
Experimento feito no espaço pela Mayo Clinic.
Foto: Reprodução/Mayo ClinicAs células-tronco são especiais porque podem continuar a se replicar e se transformar em muitos outros tipos de células. Agora os cientistas descobriram que o ambiente de microgravidade do espaço aumenta ainda mais algumas das capacidades regenerativas dessas células. A conclusão é de um estudo feito pela Clínica Mayo, na Florida, na Estação Espacial Internacional (ISS), publicado recentemente na revista científica NPJ Microgravity.
Como as células-tronco desempenham um papel crucial no processo de reparação do corpo, com a sua capacidade de se replicar e diferenciar rapidamente, estas descobertas podem ajudar no estudo da prevenção e tratamento de doenças.
“O estudo de células-tronco no espaço revelou mecanismos celulares que de outra forma não seriam detectados ou desconhecidos na presença de gravidade normal”, diz o patologista Abba Zubair, da Mayo Clinic, em comunicado. “Essa descoberta indica um valor científico mais amplo para esta investigação, incluindo potenciais aplicações clínicas.”
A bordo da ISS, a equipe analisou o comportamento das células-tronco adultas, que são mais limitadas na forma como se dividem e se transformam em comparação com as células-tronco embrionárias. Células-tronco adultas são frequentemente cultivadas fora do corpo por cientistas para estudar e tratar doenças, mas é um processo desafiador, demorado e caro. O que este estudo mostra é que os laboratórios espaciais poderiam resolver alguns desses problemas.
Foram testados vários tipos de células-tronco, com resultados positivos para todos eles: as células-tronco mesenquimais, por exemplo, demonstraram ser melhores na gestão das respostas do sistema imunológico e na redução da inflamação quando cultivadas em microgravidade.
Para vários dos tipos de células-tronco testados, os cientistas observaram melhorias gerais na forma como as células se expandiam e na estabilidade da sua replicação, mesmo após o seu regresso à Terra. Há muito mais trabalho a fazer, mas existe potencial para cultivar células-tronco em maior número e mais rapidamente na microgravidade.
“O ambiente espacial oferece uma vantagem ao crescimento das células-tronco ao proporcionar um estado tridimensional mais natural para sua expansão, que se assemelha muito ao crescimento das células do corpo humano”, diz Zubair. “Isso é comparado ao ambiente de cultura bidimensional disponível na Terra, que tem menos probabilidade de imitar o tecido humano”.
Normalmente, nossas células-tronco adultas são capazes de gerenciar o desgaste normal do corpo. No entanto, quando algo corre mal, uma infusão extra de células cultivadas em laboratório pode fazer toda a diferença – como demonstraram inúmeras terapias emergentes.
A equipe responsável pela investigação também está confiante de que as células cultivadas no espaço ajudarão no tratamento de condições relacionadas com o envelhecimento, incluindo acidentes vasculares cerebrais, cancro e doenças neurodegenerativas como a demência.
“A investigação espacial realizada até agora é apenas um ponto de partida”, diz Zubair. “Uma perspectiva mais ampla sobre as aplicações das células-tronco é possível à medida que a pesquisa continua a explorar o uso do espaço para o avanço da medicina regenerativa”. (AG)