Uma infecção estomacal afetou quase mil turistas que estavam em Cabo Verde, país insular da África. A situação levou os viajantes a processarem os hotéis de luxo onde estavam hospedados. Ao todo, 926 pessoas relataram ter adoecido com sintomas semelhantes nos últimos três anos.
O Ministério do Turismo e Transportes de Cabo Verde afirmou que os casos “foram prontamente investigados pelas entidades competentes” e que “autoridades de saúde de Cabo Verde implementaram uma série de medidas rigorosas de controle e investigação para avaliar a situação e garantir a segurança sanitária”.
A pasta afirma ainda que investigações, reveladas em dezembro de 2022, não apontaram “surto ou um aumento anormal de casos que justificassem preocupação” e que foram realizadas 84 análises laboratoriais em “manipuladores de alimentos nos estabelecimentos turísticos”, todos com resultados negativos para Salmonella e Shigella.
“Os resultados das investigações não revelaram qualquer evidência de um surto de Shigella nos hotéis de Santa Maria durante o período de setembro de 2022 a março de 2023. Embora existam relatos internacionais sobre casos de Shigella entre turistas que visitaram a ilha do Sal, nenhuma prova foi encontrada que associe esses casos diretamente às condições de Cabo Verde”, disse o Ministério.
O que aconteceu?
Os estrangeiros apresentaram sintomas como vômitos e diarreia, com alguns casos diagnosticados como infecções bacterianas, por Shigella e Salmonela. Segundo o jornal britânico Telegraph, muitos hóspedes foram hospitalizados e ficaram incapazes de sair dos quartos por dias.
Um dos casais afetados, Cordelia Plummer e Ian Waller, esteve em um hotel cinco estrelas na ilha de Sal durante uma viagem de duas semanas no mês de julho. Plummer, que pagou US$ 5.800 (cerca de R$ 31.524) pela estadia com tudo incluído, relatou ter ficado doente por uma semana, com sintomas que a mantiveram confinada ao quarto.
“Foi a pior doença e diarreia que já tive”, afirmou, contando que o que deveria ser as “férias dos sonhos” se transformou em um pesadelo. Após retornar ao Reino Unido, seu médico suspeitou de Shigella.
O advogado Jatinder Paul, que representa os turistas, expressou preocupação com o aumento do número de casos. E destacou que os números indicam que os casos não são isolados e que, se não forem tratadas as causas, pode haver consequências graves para a saúde dos afetados.
“O grande volume de clientes que adoeceram durante estadias em Cabo Verde nos últimos três anos é incrivelmente preocupante.”
De acordo com a imprensa britânica, em 2022, 806 pessoas relataram sintomas semelhantes, enquanto em 2023 o número foi de 65. Até agora, em 2024, 55 casos foram registrados.