Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2025
O chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou as “declarações erráticas” de Elon Musk, assim como o apoio do bilionário americano ao partido de extrema direita AfD, em uma entrevista publicada nesse sábado (4). Scholz não poupou críticas ao comportamento do magnata, que tem se envolvido de forma controversa na política europeia.
“Na Alemanha, tudo está acontecendo de acordo com a vontade dos cidadãos, e não de acordo com as declarações erráticas de um bilionário americano”, afirmou o dirigente alemão à revista Stern, um mês e meio antes das eleições parlamentares antecipadas, marcadas para o dia 23 de fevereiro.
Scholz pediu calma em relação aos comentários de Musk, que, segundo a revista, fez ataques pessoais ao chanceler. No início de novembro, Musk chamou Scholz de “louco”, e em 20 de dezembro o qualificou como “imbecil incompetente”, além de atacar o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, a quem chamou de “tirano”. O chanceler, em sua resposta, foi firme ao destacar que, apesar das palavras de Musk, a Alemanha continua a ser uma democracia robusta e estável.
“É necessário manter a serenidade diante dessas provocações. O presidente alemão não é um tirano antidemocrático e a Alemanha é uma democracia forte e estável, independentemente do que o senhor Musk diga”, enfatizou Scholz, reafirmando a confiança nas instituições do país.
No entanto, o chanceler fez questão de ressaltar que o apoio de Musk ao AfD, um partido que defende uma maior aproximação com a Rússia de Vladimir Putin e busca enfraquecer os laços transatlânticos, é “muito mais problemático do que esses insultos”. A postura do bilionário é vista por Scholz como uma tentativa de apoiar forças políticas que contradizem os valores democráticos e os interesses da Alemanha e da Europa.
O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que ocupa atualmente a segunda posição nas pesquisas para as eleições parlamentares, com cerca de 19% de apoio popular, atrás dos conservadores, reconheceu em entrevista ao jornal Der Spiegel, na última terça (31), que mantém contatos regulares com a equipe de Musk. A relação entre Musk e o AfD se fortalece à medida que o bilionário de 53 anos se aproxima da política de extrema direita, o que gerou ainda mais tensão na Alemanha, especialmente considerando o contexto das eleições que se aproximam.
Musk, inclusive, participará de uma conversa com a líder do AfD, Alice Weidel, em 9 de janeiro, no X (antigo Twitter). A proximidade entre o magnata e o partido de extrema direita tem causado polêmica, especialmente porque, na Alemanha, o AfD é amplamente criticado por suas posturas radicalmente contrárias à política europeia e aos valores democráticos.
Quando questionado pela revista Stern se pretendia convidar Musk para uma conversa, Scholz respondeu de maneira direta: “Não acho que você deva tentar obter favores do senhor Musk. Deixo isso para os outros.” A resposta de Scholz deixa claro seu distanciamento das influências externas que Musk tem procurado exercer na política interna da Alemanha.
O chanceler social-democrata também recordou que conheceu Elon Musk em março de 2022, durante a inauguração da fábrica da Tesla em Brandemburgo, perto de Berlim. A visita de Musk coincidiu com protestos da AfD local contra a instalação da fábrica da gigante de veículos elétricos na região. A situação gerou um contraste entre a postura progressista do governo alemão e as tentativas da extrema direita de desestabilizar a política local.
A Alemanha, recentemente, se tornou um dos alvos de ataques do bilionário americano, que tem procurado expandir sua influência em benefício de forças políticas de extrema direita, não apenas no país, mas também no Reino Unido. Musk tem criticado abertamente a Comissão Europeia e demonstrado apoio a movimentos políticos que promovem políticas mais nacionalistas e isolacionistas, desafiando a abordagem multilateral da União Europeia.