Angela Merkel começa a preparar sua sucessão: ela decidiu nesta segunda-feira (19) nomear Annegret Kramp-Karrenbauer ao cargo de número dois de seu partido conservador, respondendo às críticas internas exigindo sangue novo.
Líder do governo do pequeno estado regional de Sarre e muito próxima da chanceler, esta mulher de 55 anos deve se tornar secretária-geral da CDU (União Democrata Cristã), segundo uma fonte do partido. Neste posto estratégico estará lado a lado a Angela Merkel, presidente do partido desde 2000. As duas mulheres devem realizar uma coletiva de imprensa na parte da tarde.
Annegret Kramp-Karrenbauer sucederá Peter Tauber, de 43 anos, que renunciou por razões de saúde e muito criticado dentro da CDU desde o resultado decepcionante nas últimas eleições legislativas. O partido venceu, mas com o menor número de votos (32,9%) desde o início da década de 1950.
Kramp-Karrenbauer tomará posse no congresso do partido que acontecerá na próxima semana em Berlim. Ela é apelidada de “Merkel da Sarre” ou ainda “mini-Merkel” por causa de sua proximidade ideológica e de caráter com a chanceler, muitas vezes também simplesmente por suas iniciais “AKK”.
“Sinal claro”
“Merkel e Kramp-Karrenbauer enviaram o primeiro sinal claro do debate sobre a sucessão” da chanceler dentro de quatro anos, no mais tardar, afirmou nesta segunda-feira o jornal Süddeutsche Zeitung. Casada e mãe de três filhos, formada em Ciência Política e Direito Público, cabelos curtos e óculos retangulares, Kramp-Karrenbauer lidera desde 2011 o estado regional de Sarre, o menor da Alemanha.
No radar de Merkel há tempos, conquistou ainda mais prestígio nas eleições regionais de março de 2017, ao manter o controle de sua região e, ao mesmo tempo, derrotar os social-democratas. Ainda relativamente desconhecida a nível federal, sem experiência ministerial, tem no entanto um forte apoio dentro da CDU onde é “extremamente popular”, observa a revista Der Spiegel.
A chanceler deu-lhe um papel fundamental nas recentes negociações que conduziram a um acordo de coalizão com os social-democratas. Kramp-Karrenbauer defende como Merkel uma posição centrista para a CDU, diante das demandas crescentes por uma mudança muito mais conservadora para bloquear a ascensão da extrema direita.
“AKK” é, por outro lado, mais firme do que a chanceler sobre a questão dos migrantes, principalmente quanto à expulsão daqueles que tiveram negado o direito de asilo ou que mentem sobre sua identidade. Católica praticante – Merkel, filha de um pastor, é protestante – também é hostil ao relaxamento da proibição de publicidade para o aborto.
A chanceler pode, portanto, fazer sorrir a ala mais à direita do partido, que exige uma renovação. E responde, sobretudo, às insistentes exigências desses “rebeldes” internos, que exigem que ela finalmente prepare sua sucessão, depois de 12 anos no poder.
A chanceler enfrenta há semanas uma nova guerra interna dentro da CDU. O descontentamento tem sido latente desde as eleições legislativas e aumentou após as concessões que Angela Merkel fez aos social-democratas. A chanceler teve que desistir do ministério das Finanças, considerado pelos conservadores como garantidor da disciplina fiscal do país