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Mundo Charles III: O dia em que o novo rei da Inglaterra caiu no samba no Rio

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O então príncipe não resistiu e, de smoking, meio fora de ritmo, caiu no samba com Pinah, uma das passistas mais emblemáticas do Brasil. (Foto: Reprodução)

O então prefeito do Rio, Marcos Tamoyo, não esperava por aquela cena quando promoveu um coquetel em homenagem ao príncipe Charles, durante a primeira viagem oficial do filho da Rainha Elizabeth II ao Brasil, em março de 1978. A certa altura da noite, o herdeiro do trono britânico, então com 29 anos de idade, limpava o suor da testa, de pé na sacada do Palácio da Cidade, em Botafogo, quando observou um grupo de ritmistas e passistas da escola de samba Beija-Flor começando a se apresentar nos jardins. Charles não demorou a reagir.

Ele desceu as escadas em questão de segundos, apareceu no andar térreo com seu smoking, todo alinhado, e, sem fazer cerimônia, foi se misturando aos sambistas da agremiação de Nilópolis, que, sob a batuta de Joãozinho Trinta, acabara de vencer o carnaval do Rio. Bem recebido, Charles arriscou alguns movimentos, balançando muito os braços e mexendo pouco os pés, sem jeito nenhum pro samba. Mas, exibindo um largo sorriso no rosto e se esforçando para ser simpático no meio de todos aqueles flashes, até que fez bonito. Suas fotos com a passista Pinah percorreram o mundo.

“O cara era o futuro rei da Inglaterra, mas eu nem sabia! De repente veio todo desengonçando tentando sambar… Soltou a franga!”, contou a dançarina, relembrando o episódio que rendeu a ela o apelido de “Cinderela Negra”.

Charles chegou ao Aeroporto do Galeão às 7h30 do dia 8 de março daquele ano. Depois de passar rapidamente pelo Copacabana Palace, onde ficaria hospedado, visitou pela primeira vez o Palácio da Cidade, onde foi recebido pelo prefeito Tamoyo. Em seguida, o príncipe britânico conheceu o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra, no Aterro do Flamengo, depositou ali uma coroa de flores e foi para a gravadora Odeon, onde ouviu a banda Nosso Samba acompanhando a voz de Clara Nunes, que cantou para o visitante o samba-enredo da União da Ilha do Governador, entre outros. Além da apresentação exclusivíssima, Charles ganhou de presente três garrafas de cachaça.

No dia seguinte, o nobre inglês foi ao Cristo Redentor, mas uma neblina densa naquela manhã atrapalhou o passeio. Não era possível sequer ver a estátua, mesmo a poucos metros de distância. Bem-humorado, o filho da Rainha Elizabeth II fez uma graça que ajudou a quebrar o gelo: “Dizem que aqui existe uma belíssima estátua do Cristo, não é mesmo?”, indagou ele, arrancando risadas dos membros da comitiva. Depois subiu um lance de escadas com a destreza de um jovem atleta, olhou para baixo e, diante da cortina branca que bloqueava por completo a sua visão do Rio, continuou com o tom de piada: “Este é um ótimo local para não ver a cidade”.

Ainda no Rio, Charles visitou a Escola Britânica e fábrica Castrol, em Bonsucesso, na Zona Norte, onde foi recebido por crianças da Escola Municipal Rubens Berardo agitando bandeiras do brasil e do Reino Unido. Depois, foi almoçar com empresários da Confederação nacional das Indústrias (CNI), no Centro do Rio.

Charles ainda viajou para São Paulo pilotando um avião da Força Aérea Britânica (RAF). Ele visitou o Instituto Butantã e treinou polo na Sociedade Hípica Paulista, onde teve um encontro com empresários. Conversou com alguns deles e fez um discurso sobre o momento em questão, quando, segundo o príncipe, a Inglaterra estava interessada em fazer investimentos no Brasil, principalmente na área da construção civil.

Encontro com Geisel

O príncipe passou ainda por Belo Horizonte, antes de rumar para Brasília. Na capital, ele conversou com o então presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maciel, no Congresso Nacional, conheceu a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e esteve no Palácio da Alvorada, onde se encontrou com o então presidente da República, o general Ernesto Geisel, quarto presidente da ditadura militar. Na ocasião, Charles pediu desculpas por presentear o chefe do Executivo com uma foto sua autografada. “O melhor que você tem a fazer com essa foto é escondê-la”, ao que Geisel respondeu: “Ora, por quê? É a foto de uma pessoa jovem. Pior se fosse um velho, como eu”.

Charles ainda viria ao Brasil em outras ocasiões. Ele esteve no país para uma viagem de cinco dias em 1991, ao lado de sua então mulher, a princesa Diana. Na ocasião, o herdeiro do trono se encontrou com autoridades, empresários e ambientalistas, mas foi Lady Di quem atraiu quase toda a atenção da mídia.

Charles também esteve no Brasil em março de 2009, já acompanhado de sua atual mulher, Camilla Parker Bowles. Nesta visita, ele relembrou o episódio com Pinah no Palácio da Cidade. “Eu me lembro de ter dançado uma versão rudimentar de samba com uma senhora dramaticamente seminua”.

 

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