Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2024
A operação que investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou governadores e integrantes do Supremo ocorre duas semanas depois que a União dos Profissionais da Abin, entidade que representa servidores da inteligência, divulgou uma nota de repúdio às declarações Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF).
A PF cumpriu nessa quinta-feira (25) mandados de busca em endereços suspeitos em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro (RJ). O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), está entre os alvos da operação.
Em entrevista ao estúdio I, da Globonews, Rodrigues afirmou que, durante a gestão de Jair Bolsonaro, a Abin “monitorava pessoas de posição contrária ao governo anterior”.
Em março, o jornal O Globo revelou que o governo Bolsonaro usou a ferramenta de GPS “First Mile” para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
De acordo com as investigações, entre os alvos estão os ministro Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, atual ministro da Educação de Lula, entre outros.
Na nota de repúdio, a União dos Profissionais da Abin acusou Andrei de dizer inverdades.
“O referido software [First Mile] não possuía qualquer capacidade de invadir celulares, tampouco de obter localizações precisas. Como já noticiado, outros órgãos públicos o utilizam, e podem facilmente atestar sua forma de operação”.
Na ocasião, Andrei Rodrigues disse que não responderia à nota porque a PF já tinha laudos comprovando que o aparelho da Abin invadia comunicações telefônicas.
A PF aponta que a Abin foi usada, durante o governo de Bolsonaro para beneficiar Jair Renan e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente.
A ajuda a Flávio está ligada ao chamado caso das “rachadinhas”. Segundo a investigação, um policial federal que estava cedido à Abin produziu pelo menos dois relatórios de inteligência para dar suporte à defesa do senador.
O caso de Jair Renan tem relação com um suposto caso de lobby. O filho do presidente era investigado por supostamente usar sua influência no governo federal em favor de uma empresa de mineração. A Abin teria agido para produzir provas que beneficiariam o filho do presidente.
Flávio Bolsonaro nega ter sido ajudado e afirma que há “tentativa de criar falsas narrativas”.