Na última semana, a empresa 99 foi adquirida pela chinesa Didi Chuxing, tornando-se o primeiro unicórnio brasileiro, título dado às empresas que valem acima de U$ 1 bilhão. Além do benefício direto para os empreendedores e investidores e para os usuários de aplicativos de mobilidade, em função da intensificação da disputa pela hegemonia do mercado, o que mais essa operação representa para o ecossistema brasileiro?
Os movimentos de liquidez ainda são raridade no Brasil, e exemplos como o da 99 evidenciam para os investidores de fora que o Brasil, apesar de sua recessão econômica, instabilidade política e diversos casos de corrupção, tem um mercado que é promissor, com o potencial de gerar ótimos frutos e, também, ganhos de capital. Incentiva-se, dessa maneira, a entrada de investimentos estrangeiros, aumentando o fluxo de recursos no país.
Além disso, a ambição do empreendedor brasileiro ainda é bastante baixa: menos de 10% dos brasileiros que empreendem pensam em criar mais de cinco empregos nos próximos cinco anos. São casos como o da 99, exemplos próximos e recentes de empreendedores que “chegaram lá”, frente aos entraves do mercado nacional e à concorrência dos players globais, que aumentam a confiança e o nível de ambição do empreendedor, que passa a sonhar mais alto, dedicando-se intensamente a fazer o seu negócio crescer. Como consequência disso, gera-se mais renda, mais emprego, além de soluções mais competitivas.
Iniciamos 2018 com um marco histórico para o empreendedorismo brasileiro, e esse deve ser apenas o início. A partir de agora, que possamos ver mais empreendedores com a ambição de crescer e impactar, em um ambiente mais livre e com menos amarras, com investidores e demais atores confiantes e motivados com o futuro do nosso país. Assim, e somente assim, agora como uma nação, “chegaremos lá”.
Eduardo Afonso, associado do IEE