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China diz que haverá consequências catastróficas se os Estados Unidos não mudarem postura

Estratégia ocupa papel que era exclusivo dos americanos. (Foto: Reprodução)

O novo ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, alertou nesta terça-feira (7) que “conflito e confronto” com os Estados Unidos são inevitáveis ​​se Washington não mudar de rumo, fazendo uma repreensão severa e abrangente às políticas dos EUA em sua primeira coletiva de imprensa no novo cargo.

Qin, que até recentemente era embaixador da China nos EUA, construiu uma reputação de ser um diplomata cuidadoso e talentoso no exterior.

Mas ele adotou um tom muito mais combativo em sua primeira aparição como ministro das Relações Exteriores na reunião parlamentar anual da China, alertando sobre as “consequências catastróficas” do que descreveu como uma “aposta imprudente” de Washington na forma como trata suas companheiras superpotências.

“Se os Estados Unidos não pisarem no freio, mas continuarem acelerando no caminho errado, nenhuma barreira poderá impedir o descarrilamento e certamente haverá conflito e confronto”, disse Qin à margem do Congresso Nacional do Povo em Pequim. “E quem arcará com as consequências catastróficas?”, acrescentou.

No evento altamente roteirizado, Qin deu o tom da política externa da China para o próximo ano e além, repreendendo os EUA pelo aumento das tensões bilaterais e defendendo a estreita parceria de Pequim com Moscou.

Os laços entre as duas maiores economias do mundo estão em seu pior nível em décadas, e as tensões aumentaram ainda mais no mês passado, depois que um suposto balão espião chinês flutuou sobre a América do Norte e foi abatido por caças americanos.

Nesta terça-feira, Qin acusou os EUA de exagerar em sua resposta, que ele disse ter criado “uma crise diplomática que poderia ter sido evitada”.

O incidente, disse Qin, mostra que “a percepção e as visões dos EUA sobre a China estão seriamente distorcidas. Ela considera a China como seu principal rival e o maior desafio geopolítico”.

“Os EUA afirmam que buscam competir com a China, mas não buscam conflito. Mas, na realidade, a chamada ‘competição’ dos EUA é contenção e repressão total, um jogo de soma zero de vida e morte”, disse ele.

“A contenção e a repressão não tornarão a América grande, e os EUA não impedirão o rejuvenescimento da China”, disse Qin.

Poderes em colisão

A grande rivalidade de poder entre os EUA e a China se intensificou nos últimos anos.

Sob o líder Xi Jinping, a China tornou-se cada vez mais autoritária em casa e assertiva no exterior, adotando uma abordagem mais agressiva para exercer sua influência e combater o Ocidente.

E Washington recuou.

Sob o governo Biden, os EUA fortaleceram os laços com aliados e parceiros para conter a crescente influência de Pequim, inclusive em seu quintal. Também pressionou para se separar da China em tecnologias emergentes, recentemente banindo a exportação de chips avançados para a fúria de Pequim.

Qin atacou Washington por sua estratégia Indo-Pacífico, acusando-o de formar blocos exclusivos para provocar confrontos, defendendo a dissociação e tramando uma “versão Ásia-Pacífico da Otan”. “O verdadeiro propósito da estratégia Indo-Pacífico é conter a China”, disse Qin. “Nenhuma Guerra Fria deve ser repetida na Ásia, e nenhuma crise no estilo da Ucrânia deve ser repetida na Ásia.”

A recusa da China em condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e sua crescente parceria com Moscou prejudicaram ainda mais suas relações com o Ocidente. Embora Pequim tenha procurado se apresentar como um mediador de paz neutro, também defendeu seus laços “sólidos como rocha” com a Rússia.

Nesta terça, Qin disse que o relacionamento sino-russo “não representa uma ameaça para nenhum país do mundo, nem sofrerá interferência ou discórdia semeada por terceiros”.

“Quanto mais instável o mundo se torna, mais imperativo é para a China e a Rússia avançarem firmemente em suas relações”, disse ele.

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