Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2015
A Rússia e a China assinaram um termo de cooperação digital em que as duas nações prometem não realizar ciberataques uma contra a outra. Entre outras disposições, o texto do acordo afirma, ainda, que os dois países deverão se opor a tecnologias que possam “desestabilizar o ambiente político e socioeconômico interno”, “perturbar a ordem pública” ou “interferir com assuntos internos do Estado”.
O acordo foi assinado na sexta-feira, durante uma visita do presidente da China, Xi Jinping, à Moscou. A informação foi divulgada em uma reportagem feita pelo periódico norte-americano The Wall Street Journal.
A cooperação entre os dois países prevê também a troca de informações entre autoridades policiais e tecnologia para garantir a segurança da infraestrutura de informação. O entendimento, de acordo com o The Wall Street Journal, é o mais recente indício de que a Rússia e a China estão a favor de alterações na condução e governo da internet. A maior parte das operações da rede é gerenciada pela Icann (corporação da internet para atribuição de nomes e números), em uma concessão do Departamento de Comércio do governo dos Estados Unidos.
O contrato da Icann com o Executivo norte-americano deve terminar este ano e autoridades dos EUA já sinalizaram que o país estaria disposto a deixar a Icann existir como uma organização independente caso sejam instituídos mecanismos de controle que representem todos os interesses ligados ao funcionamento da rede mundial. Os detalhes desses mecanismos, como quem seria representado e de que forma, permanecem incertos.
Segurança nacional
Enquanto firma compromissos com a Rússia, a China discute uma lei de segurança nacional que apresenta disposições sobre a internet. O texto atual diz que a China deve garantir a “soberania” em sua rede de computadores.
Em 2013, o jornal The New York Times afirmou que a China e os Estados Unidos teriam “conversas regulares” sobre ataques cibernéticos. Autoridades norte-americanas culpavam chineses pelo roubo de propriedade intelectual das indústrias de alta tecnologia do país, mas a China negava a autoria de qualquer ataque.
Em março deste ano, um grupo privado de Inteligência militar dos Estados Unidos (o Defense Group Inc) divulgou que uma publicação do exército chinês, chamada de “A ciência da estratégia militar”, admitiu a existência de “hackers combatentes” dentro e fora do exército chinês. No mesmo mês, a China foi acusada de realizar um ataque por interceptação e sequestro da rede, usando conexões de internautas que visitavam sites na China para atacar uma página de ativistas que monitoram o funcionamento do sistema de censura de internet empregado pelo país asiático. Segundo especialistas, a dimensão do ataque indica que ele só poderia ser realizado por quem detém o controle da rede.
Apoio
A China demonstrou novamente seu apoio à Rússia ao participar das celebrações dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em Moscou, no sábado. O presidente russo Vladimir Putin havia convidado vários chefes de Estado e de governo da Europa, mas muitos deles se recusaram a fazer parte do evento. Na sexta-feira, véspera da celebração, Rússia e China assinaram quatro dezenas de documentos (acordos, associações, entre outros) nos âmbitos energético, aéreo, financeiro e espacial. (Altieres Rohr/AG e AFP)